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Alimentos ainda têm gordura trans, revela pesquisa

Em alguns produtos, a informação da tabela nutricional não é clara e pode até ser enganosa, como no caso da batata Pringles

Batata Pringles: de acordo com o levantamento, cada porção da batata contém 0,42 grama de gordura trans (Flickr)

Batata Pringles: de acordo com o levantamento, cada porção da batata contém 0,42 grama de gordura trans (Flickr)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de julho de 2012 às 15h18.

São Paulo - Uma pesquisa realizada pela Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) com 53 alimentos industrializados de nove categorias diferentes mostra que 32% deles ainda contêm gordura trans. Em alguns produtos, a informação da tabela nutricional não é clara e pode até ser enganosa, como no caso da batata Pringles. De acordo com o levantamento, cada porção da batata contém 0,42 grama de gordura trans. A informação contradiz o que está escrito na embalagem da Pringles, que afirma ser livre do composto.

A gordura trans é uma substância adicionada aos produtos alimentícios pela indústria para promover a melhora de características sensoriais, como a cor, a textura, a aparência e o aroma, e também para aumentar a conservação dos alimentos. Ela está diretamente ligada a problemas de saúde, como colesterol alto, e desde 2008 é combatida pelo Ministério da Saúde, que defende a taxa de 0,2 grama de gordura trans por porção de alimento.

O tamanho dessas porções é determinado pela Anvisa, mas, de acordo com a nutricionista Manuela Dias, da Proteste, “não condiz com o padrão de consumo real dos brasileiros”. Por exemplo, a porção estabelecida para biscoitos recheados equivale a duas unidades e meia. Manuela ressalta que é comum o consumidor ingerir um pacote inteiro sem se dar conta.


O fato de estar dentro da legislação permite que a indústria alimentícia indique a “isenção” de gordura trans nas embalagens, prática que se torna nociva aos clientes que acreditam estar adquirindo alimentos menos gordurosos. A Proteste defende que o ideal seria padronizar a quantidade das porções para 100 gramas. Assim, a rosquinha de coco da Mabel, que na porção estabelecida pela Anvisa fica com o índice de 0,15 grama de gordura trans, passaria a indicar 0,5 grama. Ou seja, valor acima do limite, o que obrigaria o fabricante a informar o índice ao consumidor.

Outro dado identificado pela Proteste é a substituição da gordura trans por óleo de palma ou de coco em alguns produtos. “Essa prática é uma jogada de marketing que engana os consumidores”, afirma Manuela. Especialistas afirmam que o ideal é que a gordura trans não seja consumida. A Organização Mundial de Saúde recomenda que, caso seja inevitável, não ultrapasse 1% do valor calórico total da dieta diária. A Proteste calcula que, numa dieta de 2 mil calorias, ideal para um adulto, a quantidade de gordura trans ingerida não deve ultrapassar 2 gramas. Ainda de acordo com a pesquisa, se forem ingeridos 100 gramas da batata Pringles, faltará pouco mais de 0,5 grama para atingir o limite sugerido pela OMS.

A nutricionista Manuela Dias recomenda que o consumidor fique atento para os rótulos dos produtos e prefira escolher alimentos frescos sempre que possível. Outra dica é prestar atenção na lista dos ingredientes: eles estão em ordem decrescente, ou seja, o componente que aparece primeiro é o que está em maior quantidade no alimento. Portanto, se o açúcar estiver na frente, o produto tem poucas vitaminas, proteínas e minerais e o consumidor acaba ingerindo apenas gordura. “O ideal seria voltar aos tempos dos nossos avós, quando as pessoas comiam apenas alimentos sem aditivos”, ressalta Manuela. As informações são do Jornal da Tarde.

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