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Aliados de Temer e Maia dizem que "mal-estar" está resolvido

Para demonstrar que a relação entre o presidente e o DEM está normalizada, Temer convidou integrantes do partido para um novo jantar na noite de hoje (19)

Temer e Maia: aliados colocaram panos quentes para tentar mostrar que o mal-estar estava resolvido (Getty Images/Getty Images)

Temer e Maia: aliados colocaram panos quentes para tentar mostrar que o mal-estar estava resolvido (Getty Images/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de julho de 2017 às 20h08.

Brasília - No dia seguinte do atrito entre o presidente Michel Temer e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em razão dos dissidentes do PSB, aliados dos dois colocaram panos quentes para tentar mostrar que o mal-estar estava resolvido.

Temer e seus ministros reforçaram discurso de que o presidente não fez convite para pessebistas descontentes migrarem para o PMDB, enquanto aliados de Maia afirmaram que o incidente é "página virada".

Para demonstrar que a relação entre o presidente e o DEM está normalizada, Temer convidou integrantes do partido para um novo jantar na noite desta quarta-feira, 19, dessa vez no Palácio do Jaburu, residência oficial onde o presidente ainda mora com a família.

O jantar, porém, deve ser esvaziado, em razão do recesso parlamentar.

A expectativa é de que compareçam ao encontro Maia, o ministro da Educação, Mendonça Filho, o prefeito de Salvador, ACM Neto, que também são filiados à legenda.

"Essa é uma questão que está vencida, página virada", disse o deputado Pauderney Avelino (AM), vice-líder do DEM na Câmara, em entrevista após reunião com Temer no Palácio do Planalto nesta quarta-feira, 19.

Na conversa, Avelino disse que Temer negou ter feito qualquer convite para os dissidentes do PSB irem para o PMDB.

"O presidente vai continuar propondo as reformas e seguir adiante na pauta e na agenda do governo para o País", complementou.

O mal-estar entre Temer e Maia começou na terça-feira, 18, após Temer convidar dissidentes do PSB a se filiarem ao PMDB durante café da manhã que não constou na agenda oficial na casa da líder do PSB na Câmara, Tereza Cristina (MS).

O convite, porém, contrariou o presidente da Câmara, que também tenta atrair os dissidentes. Interlocutores dele viram o movimento de Temer como uma tentativa de diminuir a influência do partido de Maia, que assumirá o comando do País, caso Temer seja afastado ou perca o cargo.

A articulação para resolver o mal-estar começou ontem mesmo. Temer escalou ministros para apaziguar os ânimos e tentar desfazer o que assessores chamam de mal entendido.

Em um gesto para mostrar trégua, o presidente foi até a residência oficial de Maia, onde participou de jantar ao lado de ministros e deputados. No encontro, segundo relatos, o assunto PSB não foi mencionado, uma vez que o mal-estar já havia sido amenizado antes.

"Foi só paz e amor", disse o ministro da Educação à reportagem. Segundo ele, a questão do mal-estar foi "superada ao longo do dia" de ontem.

"Para o Rodrigo, o assunto está superado e para o presidente Temer também. Ninguém ficou remoendo essa questão", disse. Mendonça disse que o clima no encontro foi "ameno e harmônico", com vários convidados, permitindo que a conversa "fosse mais descontraída".

"Essa conversa nem sequer foi tocada, porque não existiu nenhuma iniciativa do presidente Temer com relação à filiação partidária. Não cabe ao presidente Temer tratar desse assunto. Isso é uma questão de natureza dos presidentes partidários", afirmou o ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, que é do PSDB.

"Foi uma conversa entre bons amigos e homens públicos exemplares".

Reaproximação

A própria líder do PSB também adotou tom pacificador. Após o flerte com DEM e PMDB, ela disse acreditar em uma reaproximação com seu atual partido.

Tereza Cristina afirmou que o encontro com Temer foi apenas uma "visita de cortesia" e que o assunto foi a pauta do semestre.

"Quanto às especulações sobre a filiação de deputados socialistas a esta ou àquela legenda, enfatizamos acreditar, antes de mais nada, na retomada do diálogo com a Direção Executiva do PSB", disse, em nota.

O PSB deixou oficialmente a base do governo em maio deste ano, logo após a divulgação da delação do empresário Joesley Batista, da JBS. Contudo, manteve o Ministério de Minas e Energia nas mãos do deputado Fernando Bezerra Coelho (PE), que faz parte da ala insatisfeita com a cúpula da legenda.

Com uma bancada de 37 deputados e 5 senadores, parte dos parlamentares do PSB tem votado com o governo no Congresso.

 

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