Eduardo Cunha: pelo menos dois deputados integrantes do Conselho de Ética que votariam a favor de Cunha cogitam renunciar aos cargos no colegiado (Alex Ferreira/Câmara dos Deputados)
Da Redação
Publicado em 17 de maio de 2016 às 08h46.
Brasília - Poucas semanas após Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ter sido afastado da presidência da Câmara pelo Supremo Tribunal Federal (STF), aliados do peemedebista começam a dar sinais de distanciamento.
Pelo menos dois deputados integrantes do Conselho de Ética que votariam a favor de Cunha cogitam renunciar aos cargos no colegiado esta semana.
Preocupados com as eleições, eles buscam se desvincular da imagem do parlamentar, acusado de receber propina e de ter mentido sobre possuir contas no exterior na extinta CPI da Petrobras.
Recentemente, o deputado Cacá Leão (PP-BA) teria visitado Cunha na residência oficial da presidência da Casa para informá-lo de que abriria mão de sua vaga como titular.
Segundo interlocutores do líder do PP, Aguinaldo Ribeiro (PB), o deputado também o procurou há 20 dias para dizer que pensava em renunciar.
Leão alegou desgaste e desconforto em apoiar Cunha devido às alianças locais que possui na Bahia.
O pai dele, vice-governador e presidente do PP da Bahia, João Leão, é aliado do governador Rui Costa, do PT.
Outro membro do PP que deve sair do conselho em breve é Ricardo Barros (PR), que acaba de assumir o Ministério da Saúde.
Apesar de o líder do partido ter afirmando que ainda não pensou em nomes para as substituições, devem assumir os deputados André Fufuca (MA) e Nelson Meurer (PR).
Como os dois também são próximos ao presidente afastado da Câmara, a mudança só seria simbólica.
Na prática, a proporção do grupo a favor e contra o peemedebista continuaria acirrada, dependendo do voto da deputada Tia Eron (PSC-BA), que segue indefinido.
Integrante da tropa de choque de Cunha, Manoel Júnior (PMDB-PB) também vai anunciar em breve a sua saída do Conselho.
Apesar de ser suplente, Júnior é considerado um dos principais defensores do peemedebista no colegiado.
Investigado na Operação Lava Jato, a justificativa de Júnior para deixar o colegiado seria a sua pré-candidatura a prefeito de João Pessoa, que poderia ser prejudicada por Cunha.
Ele confirmou ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que vai renunciar, mas disse que é apenas para ter mais tempo na agenda para fazer campanha em sua cidade.
Nesta terça, 17, depois do depoimento da testemunha arrolada pela defesa de Cunha, o advogado e professor Tadeu de Chiara, deverá ser votado no conselho um parecer sobre a substituição de membros do colegiado.
O relatório apresentado por Sandro Alex (PSD-PR) sugere que a vaga decorrente do afastamento de membro titular ou suplente somente se dará pela ocorrência de término de mandato, renúncia, falecimento ou perda de mandato no colegiado.
Caso o texto seja aprovado, a vaga só poderá ser preenchida por nova indicação do líder do partido.