Brasil

Aliados de Bolsonaro indicam parentes para cargos em órgãos do governo

Para parlamentares agraciados, nomes são escolhidos por "capacidade técnica" e até "relação de amizade"

Jair Bolsonaro; coronavírus (Adriano Machado/File Photo/Reuters)

Jair Bolsonaro; coronavírus (Adriano Machado/File Photo/Reuters)

AO

Agência O Globo

Publicado em 24 de julho de 2020 às 09h11.

Última atualização em 24 de julho de 2020 às 09h38.

A indicação da filha de Braga Netto, ministro da Casa Civil, para uma vaga na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), frustrada após a divulgação, não seria algo inédito na gestão de Jair Bolsonaro. Em seu mandato, persiste a velha prática da nomeação de parentes de deputados, senadores e demais aliados em cargos do governo federal.

Em maio deste ano, o filho do senador Elmano Férrer (PODE-PI), Leonardo Férrer, se tornou ouvidor na Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba). Ele teve um voto contrário da representante dos trabalhadores da companhia, que disse que o cargo deveria ser de um servidor de carreira.

Só na Funasa (Fundação Nacional de Saúde), entidade vinculada ao Ministério da Saúde, o governo nomeou em agosto passado a mulher do líder do PL, Wellington Roberto (PB), Deborah Roberto, e uma tia do deputado Gustinho Ribeiro (SD-SE), Maria Luiz Felix. Na superintendência do órgão na Paraíba, foi mantida a mãe do líder da maioria na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). Virgínia Velloso Borges ocupa o cargo desde 2017.

Nepotismo cruzado

A nomeação de parentes de aliados não configura nepotismo, segundo o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF). Isso desde que não se trate de nepotismo cruzado — quando, em troca de uma indicação, o político nomeia também um parente de seu aliado.

O senador Elmano Férrer e o deputado Gustinho Ribeiro não responderam aos contatos da reportagem. O deputado Elmar Nascimento se limitou a dizer que o irmão foi nomeado ainda no governo Temer.

Acompanhe tudo sobre:CongressoJair BolsonaroGoverno Bolsonaro

Mais de Brasil

AtlasIntel: 80,9% dos moradores de favelas aprovam megaoperação no Rio

Governo já derrubou quase 23 mil bets clandestinas no Brasil

Dos 99 mortos identificados no Rio, 78 tinham antecedentes criminais

Nem Uber, nem 99: três em cada quatro cidades brasileiras não tem transporte por aplicativo