Brasil

Aliado de Temer aceitou propina de R$ 15 milhões, aponta PGR

Segundo gravação, diante da oferta de propina de Joesley Batista, o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) respondeu que "tudo bem"

Rodrigo Rocha Loures: o deputado conversou com o empresário depois de ter sido indicado pelo presidente Michel Temer como seu interlocutor (Youtube/Reprodução)

Rodrigo Rocha Loures: o deputado conversou com o empresário depois de ter sido indicado pelo presidente Michel Temer como seu interlocutor (Youtube/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de maio de 2017 às 15h00.

Brasília - O deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) aceitou propina de R$ 15 milhões para resolver pendências da J&F, holding que controla a JBS, no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), conforme pedido de inquérito enviado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Em conversa gravada, o empresário Joesley Batista, acionista do grupo, promete dar ao congressista 5% de um lucro anual de R$ 300 milhões que obteria ao resolver o imbróglio no órgão. "Tudo bem, tudo bem", respondeu imediatamente o peemedebista.

Rocha Loures conversou com Joesley em 13 e 16 de março, depois de ter sido indicado pelo presidente Michel Temer como seu interlocutor, no dia 7 do mesmo mês. A J&F controla a Empresa Produtora de Energia, de Cuiabá, que consome gás proveniente da Bolívia. Porém, é obrigada a comprar o produto da Petrobras, a preço bem mais alto que o praticado pelos bolivianos.

O interesse de Joesley era o de adquiri-lo diretamente do país vizinho ao preço de custo da estatal brasileira, o que lhe garantiria uma economia diária de cerca de R$ 1 milhão.

Durante a conversa, o deputado se compromete a resolver a questão e tenta ligar, sem sucesso, para o superintendente do Cade, Eduardo Frade. Em seguida, consegue falar com o presidente em exercício do órgão, Gilvandro Araújo, explica a questão e avisa ao empresário que ele havia "entendido o recado". A proposta de propina para solucionar a questão veio logo depois, conforme o documento do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Nos diálogos, o empresário diz ao deputado também que há algumas "posições-chave" no Cade e outros órgãos, como Banco Central, Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Receita Federal e na Procuradoria da Fazenda Nacional, nos quais precisa de pessoas capazes de resolver seus problemas.

Janot salienta que o deputado se compromete a levar algumas indicações para esses órgãos ao presidente. "Eu só preciso é resolver meus problemas. Se resolverem, eu nem...", afirma Joesley. "O importante é que resolva", retruca Rocha Loures. "Resolve o problema, aê resolve, então pronto", emenda o empresário.

Acompanhe tudo sobre:Delação premiadaGoverno TemerJBSMichel TemerOperação Lava JatoPolíticosSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas