Caixa eletrônico: roubos em agências bancárias e caixas no Brasil cresceram para 2.944 casos no ano passado (Alexandre Battibugli/INFO)
Da Redação
Publicado em 22 de maio de 2014 às 21h06.
São Paulo/Brasília - À lista de razões pelas quais os turistas que viajarão para a Copa do Mundo talvez prefiram evitar os caixas eletrônicos no Brasil, adicione gangues de ladrões que perambulam com dinamite e armas semiautomáticas.
“Há bandidos ferozes aqui”, disse Leonel Rossi, vice-presidente de assuntos internacionais da associação de agências de viagens do País, em entrevista de São Paulo.
“Recomendamos que os turistas saquem dinheiro dos caixas em hotéis ou shoppings e que evitem obter dinheiro dos bancos na rua”.
Os torcedores já estão encarando a perspectiva de buscar, entre os 160.000 caixas eletrônicos existentes no Brasil, um que seja compatível com seus cartões, pois muitos deles ainda não estão vinculados a redes interconectadas.
Esses turistas deveriam saber que passar muito tempo na frente de um caixa eletrônico pode ser imprudente.
Os roubos em agências bancárias e caixas no Brasil cresceram para 2.944 casos no ano passado, 83 por cento a mais do que em 2011, segundo dados dos sindicatos de funcionários bancários e de segurança.
Tais crimes aumentaram 37 por cento no estado de São Paulo, onde a Copa começará no dia 12 de junho, e 42 por cento no Rio de Janeiro, sede da final no dia 13 de julho. A cifra não inclui ataques em caixas em localizações fora de bancos.
Anfitriões anteriores
A alta dos crimes em bancos e caixas eletrônicos é o oposto do que aconteceu nas duas Copas anteriores.
A África do Sul, sede da Copa de 2010, reduziu 9 por cento os roubos a bancos nos dois anos prévios ao evento frente à taxa combinada de 2008 e 2009, totalizando 93 incidentes, segundo dados da polícia.
A Alemanha registrou um declínio de 15 por cento para 463 casos quando foi anfitriã em 2006, mostram os dados.
Governos estrangeiros estão advertindo seus cidadãos para que estejam alertas ao usar caixas eletrônicos no Brasil. A França aconselhou os viajantes a evitar caixas sem vigilância, e o site do Departamento de Estado dos EUA disse que seus cidadãos deveriam estar cientes de que gangues organizadas enfocam indivíduos após vê-los sacar dinheiro.
A quantidade de mortes está subindo junto com os ataques a bancos no Brasil, que informou 65 mortes associadas a tais crimes no ano passado, um aumento de 14 por cento frente a 2012, segundo dados de sindicatos que não incluem os perpetradores que são mortos.
Estatísticas do FBI para os EUA, cuja população é de 320 milhões de pessoas, comparada com 200 milhões no Brasil, mostram que nenhum cliente bancário foi assassinado nos EUA entre 2004 e 2011, período mais recente com dados disponíveis.
Arrombamentos em agências
Arrombamentos em agências ou caixas onde não há pessoas presentes ainda são o alvo preferido dos ladrões e representaram 71 por cento dos ataques no ano passado no Brasil, segundo os sindicatos, que compilaram dados de comunicados de imprensa e estatísticas do governo.
Para conseguir acesso a cofres e caixas, os ladrões cada vez mais utilizam dinamite e outros explosivos, roubados de minas ou obtidos ao subornar pessoas com licenças para lidar com esses materiais, segundo Ademir Wiederkehr, diretor do sindicato de funcionários bancários, a Contraf-CUT.
O Exército Brasileiro, que controla a produção, a venda e o armazenamento de explosivos, disse que está tentando aumentar as multas e impulsionar leis para ajudar a reduzir o uso de dinamite em roubos a bancos.
Alguns bancos não estão fazendo o suficiente para se defender dos roubos ou cumprir a legislação que exige medidas mínimas de segurança, disse José Boaventura Santos, presidente do sindicato de seguranças do Brasil.
Em março, a Polícia Federal multou 14 bancos por irregularidades na segurança, incluindo o Banco do Brasil, o Itaú Unibanco Holding, o Banco Bradesco e o Banco Santander.
“Conforme a atual legislação, o sistema financeiro tem uma responsabilidade clara quanto à segurança dos bancos”, disse Santos em entrevista por telefone. “Para os funcionários, agora é mais importante discutir e lutar pela segurança do que por aumentos salariais”.