Brasil

Alemanha pode seguir Noruega e cortar ajuda a Fundo Amazônia

A Alemanha poderá suspender a ajuda ao Fundo Amazônia se o Brasil não reverter o aumento do desmatamento registrado nos últimos dois anos

Amazônia: de agosto de 2015 a julho de 2016, a derrubada da floresta aumentou em 29% (foto/Divulgação)

Amazônia: de agosto de 2015 a julho de 2016, a derrubada da floresta aumentou em 29% (foto/Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de junho de 2017 às 21h59.

Brasília - A Alemanha poderá suspender a ajuda ao Fundo Amazônia se o Brasil não reverter o aumento do desmatamento registrado nos últimos dois anos.

Esta é a mensagem que o principal negociador de mudança climática da Alemanha, Karsten Sach, transmitiu a altos integrantes do governo brasileiro com quem se reuniu em visita a Brasília iniciada nesta segunda-feira.

"A Alemanha continuará contribuindo ao Fundo Amazônia somente se os índices de desmatamento diminuírem", disse Sach, em entrevista à Bloomberg em Brasília. "Para continuar gastando dinheiro público, precisamos ter certeza de que os resultados são reais."

A cobrança da Alemanha surge dias após a Noruega anunciar, em plena visita do presidente Michel Temer a Oslo, um corte de 50% nos repasses ao Fundo Amazônia, criado em 2008 para captar recursos destinados à conservação da floresta e prevenção do desmatamento.

Autoridades norueguesas, que doaram US$ 97 milhões ao fundo em 2016, atribuíram a decisão ao aumento do desmatamento no Brasil após oito anos em que prevaleceu melhora nos dados da preservação amazônica.

De agosto de 2015 a julho de 2016, a derrubada da floresta aumentou em 29%, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A Alemanha, que já contribuiu com mais de US$ 28 milhões, é o segundo maior doador após a Noruega.

Sach, que tem agenda de encontros no palácio do Planalto e nos ministérios da Fazenda e Minas e Energia, entre outros, afirmou trabalhar em "estreita sintonia" com a Noruega.

"A decisão dos noruegueses foi puramente mecânica: se o desmatamento é maior do que o esperado, as remessas baseadas em performance serão menores. E se o governo brasileiro conseguir cortar o desmatamento, então o pagamento voltará a subir."

O representante do governo alemão disse entender que existem pressões contra Temer por parte de influentes lobbies ruralistas, mas ressaltou que políticas ambientais e desenvolvimento sustentável são compatíveis com crescimento econômico.

"A crise e os cortes no orçamento trazem uma oportunidade de o Brasil buscar soluções inovadoras no uso de seus recursos naturais", afirmou Sach.

Acompanhe tudo sobre:AlemanhaAmazôniaBrasilNoruega

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 17 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP