(Misha Friedman/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 20 de dezembro de 2017 às 16h49.
Última atualização em 20 de dezembro de 2017 às 17h02.
São Paulo — Atingido por delações da Camargo Corrêa e da Odebrecht, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, deu uma resposta pública às declarações das duas construtoras, hoje, por meio do procurador-geral do Estado, Elival da Silva Ramos.
Numa entrevista coletiva nesta manhã, Ramos afirmou que, por determinação do governador, um grupo de trabalho será formado para apurar os prejuízos causados pela ação ilegal das construtoras. O objetivo é o ressarcimento desse valor aos cofres públicos.
“O estado já obteve vitórias em situações semelhantes de formação de cartel, como no caso da Alstom, que, de comum acordo com o Ministério Público Estadual (MPE), ressarciu os cofres públicos em cerca de 60 milhões de reais. O estado também cobra a empresa alemã Siemens em ação semelhante”, diz um comunicado sobre essa questão no site do governo de São Paulo.
Além disso, a Corregedoria Geral da Administração deverá investigar a participação de agentes públicos do estado nas operações do cartel; e auxiliar o Ministério Público no caso de ex-servidores.
O discurso de Ramos foi no sentido de posicionar o governo do estado como vítima do cartel das construtoras. Além disso, ao dizer que será apurado o envolvimento de servidores, ele procura afastar o caso da figura do governador.
As duas empresas firmaram um acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O acordo envolve confissões de executivos e ex-executivos dessas companhias. As construtoras admitiram que haviam formado cartel para fraudar licitações em sete estados – Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul – e no Distrito Federal.
Em São Paulo, o impacto político das delações foi maior que em outros estados porque Alckmin vem sendo apontado como candidato do PSDB à presidência da República em 2018. Assim, as denúncias da Camargo Corrêa e da Odebrecht tendem a virar munição para seus adversários na campanha eleitoral.