Geraldo Alckmin: por ora, o pré-candidato do PSDB só tem o apoio formal do PTB (Ueslei Marcelino/Reuters)
Reuters
Publicado em 19 de julho de 2018 às 18h23.
Última atualização em 19 de julho de 2018 às 18h25.
Brasília - O pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, e interlocutores próximos fizeram uma contraofensiva nos últimos dias para conter o avanço dos acertos do pedetista Ciro Gomes com o chamado blocão (ou centrão), e esse grupo de partidos pode até fechar uma aliança formal com o tucano nos próximos dias, afirmaram à Reuters nesta quinta-feira fontes envolvidas diretamente nas negociações.
A cúpula do PDT e até mesmo lideranças do blocão --formado por PP, DEM, PRB, PR e SD-- admitiam que estava praticamente certo um acordo com Ciro, mas uma sucessão de atitudes do próprio presidenciável pedetista somada à ofensiva de Alckmin e aliados levaram a uma mudança de humor nesse xadrez.
"Alckmin está na frente agora", admitiu um presidente de um partido do blocão à Reuters, sob a condição do anonimato, ao ser questionado se a disputa estaria empatada.
Outro presidente de partido, que até dias atrás dava como selado um acerto com Ciro, também reconheceu que a balança pende agora para o bloco fechar com o pré-candidato do PSDB.
Uma terceira liderança do blocão também destacou que Alckmin voltou a ganhar força no grupo e, questionada sobre o motivo da mudança de humor em prol do tucano, disse apenas que o "juízo" tem pesado em favor dele.
Na quarta-feira à noite, um encontro de dirigentes do grupo -- que contou com a presença do cacique do PR, Valdemar Costa Neto -- definiu que vão tomar uma posição conjunta na sucessão presidencial e ofereceram o nome do empresário Josué Gomes, filiado ao PR, para ser candidato a vice.
O blocão voltou a se reunir nesta quinta e divulgou uma nota em que afirma que o momento é de "ponderar, em conjunto, o melhor caminho do Brasil" e que uma decisão comum será anunciada na semana que vem.
Alckmin desmarcou uma agenda de viagem nesta quinta-feira ao interior de Minas Gerais a fim de, segundo uma fonte ligada ao tucano, intensificar os contatos com integrantes do blocão.
Por ora, o pré-candidato do PSDB só tem o apoio formal do PTB, o primeiro partido a anunciar uma aliança presidencial para outubro. O tucano tem ainda promessas de acordo com o PSD e o PPS e, se emplacar um eventual acerto com o blocão, poderá ter um bom tempo da propaganda eleitoral de rádio e TV --tradicionalmente um dos principais trunfos para a disputa presidencial.
Reservadamente, um interlocutor direto de Alckmin disse que são "boas" as perspectivas para fechar com o blocão. Afirmou ter conversado com um dirigente de um partido do grupo e o convenceu a apoiar o pré-candidato do PSDB com os seguintes argumentos: a afinidade da agenda do PSDB com o blocão é maior do que a de Ciro e a suposta falta de controle emocional do pedetista, que nos últimos dias se envolveu em polêmicas públicas.
"Os apoios estão vindo", disse esse interlocutor de Alckmin, ao destacar o jeito sereno e de bastidor do pré-candidato tucano nas negociações. O PSDB marcou a sua convenção nacional para confirmar o nome de Alckmin somente no dia 4 de agosto, e, caso feche mesmo com o blocão, poderá anunciar um amplo arco de alianças na ocasião.
Já o PDT realiza convenção na sexta-feira sem que tenha fechado uma aliança formal com qualquer partido.
(Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello)