(Iara Morselli/Esfera/Divulgação)
André Martins
Publicado em 26 de novembro de 2022 às 16h13.
Última atualização em 26 de novembro de 2022 às 20h22.
O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, afirmou neste sábado, 26, que o anúncio do ministro da Fazenda do governo Luiz Inácio Lula da Silva "está perto". O político do PSB reforçou que independentemente de quem assuma a pasta, o foco do presidente Lula é que o Brasil cresça. "[Queremos] atrair investimento e melhorar a vida das pessoas. Como eu sei que existe uma preocupação fiscal, eu já quero dizer que quem apostar em irresponsabilidade fiscal, vai se decepcionar. Quem apostar em irresponsabilidade fiscal vai errar", explicou durante o Fórum Esfera Brasil.
Participaram da discussão com o vice-presidente eleito, o empresário Abílio Diniz, o chairman do BTG Pactual André Esteves (do mesmo grupo que controla EXAME), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o presidente do TCU, Bruno Dantas. O painel foi mediado pelo jornalista Willian Wack.
O vice eleito disse que o novo governo deve focar em uma "agenda de competitividade" com atenção à educação básica para recuperar o atraso dos anos da pandemia. Ele também explorou a ideia de uma abertura comercial para mais acordos internacionais, reduzir o custo de capital para atrair investimento e reduzir impostos.
Alckmin reforçou que o "rigor fiscal é uma obra interminável" e não vê como incompatível ter responsabilidade fiscal e realizar avanços de natureza social. "Como vamos fazer o Brasil crescer? Com rigor fiscal, não tenha menor dúvida. [...] O foco tem que ser fiscal. Mas isso não é incompatível e tem que trabalhar com o social", disse.
Perguntado se existe a intenção no grupo de transição de desfazer reformas realizadas nos governos Temer e Bolsonaro, o vice-presidente eleito garantiu que "reformas não serão desfeitas".
Sobre o grupo de transição da economia, composto por Pérsio Árida, Nelson Barbosa, Guilherme Melo e André Lara Resende, Alckmin disse que todos, apesar de pensarem de formas diferentes, querem que o Brasil cresça e seja socialmente justo.
Na última semana cresceu a pressão sobre o governo eleito para a indicação de um nome para o ministério da Fazenda. Durante a campanha presidencial, Lula foi questionado diversas vezes sobre quem seria o seu ministro, mas o presidente eleito sempre se esquivou de indicar um nome.
Com a necessidade de aprovar a PEC da Transição para garantir dinheiro para pagar o Bolsa Família de R$ 600 no próximo ano e de outros programas, como o Farmácia Popular, líderes do PT e de partidos aliados propõem que Lula acelere a escolha. O senador Jacques Wagner (PT-BA) afirmou na última quinta-feira, 24, que para destravar as negociações da Proposta de Emenda à Constituição é necessário ter um rosto no ministério da Fazenda.
Entre os cotados para assumir a pasta está o ex-prefeito Fernando Haddad. O ex-ministro da Educação participou ontem de um encontro da Febraban representando Lula. Após falas de Haddad no evento, o Ibovespa fechou sexta-feira em queda de 2,55%.
Em entrevista à EXAME, Apolo Duarte, sócio e head da mesa de renda variável da AVG Capital, disse que Haddad não falou com clareza sobre a trajetória das contas públicas. "Também não se deu pista concreta a respeito dos próximos passos da política fiscal", explicou.
Na quinta-feira, o mercado financeiro reagiu de forma positiva sobre uma possível dobradinha entre Haddad na Fazenda e Pérsio Árida no Planejamento. O economista, um dos pais do plano real, negou a possibilidade de assumir um cargo no governo em entrevista à Folha de SP na noite de ontem.
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