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Alckmin desconversa sobre reajuste a docentes e cita crise

O governador afirmou que a paralisação dos docentes não tem sentido


	Alckmin: "tudo está sendo feito para merecidamente valorizar o magistério", disse
 (Wilson Dias/Agência Brasil)

Alckmin: "tudo está sendo feito para merecidamente valorizar o magistério", disse (Wilson Dias/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 4 de maio de 2015 às 13h46.

Ribeirão Pires - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), não voltou a negar que haja greve de professores no Estado, mas afirmou nesta segunda-feira, 4, que a paralisação dos docentes não tem sentido.

"Tudo está sendo feito para merecidamente valorizar o magistério", disse ao argumentar que houve pagamento de bônus no fim do ano a professores que atingiram metas e ao dizer que houve reajuste da categoria há oito meses.

"A greve não tem o menor sentido. Não se faz greve quando o governo quer dialogar, quando faz oito meses que teve aumento - nem completou um ano ainda - e quando se acabou de pagar o maior bônus da história", disse.

O governador anunciou que serão contratados 6.350 professores concursados para o ciclo 1 do Ensino Fundamental no dia 11 deste mês. Sobre o momento adequado para dar novo reajuste aos professores estaduais, Alckmin desconversou e disse que é preciso cautela nesse momento de crise econômica.

"Estamos frente uma crise econômica de extrema gravidade e governos têm problema de arrecadação duplamente, por perda de atividade econômica e por inadimplência. E nós não criamos pedaladas, aqui é ajuste fiscal direto", disse em uma alfinetada ao governo federal - as contas do governo Dilma Rousseff são alvo do TCU, que verifica se houve crime de responsabilidade no uso das chamadas "pedaladas fiscais", quando rombos do Tesouro foram cobertos com empréstimos de bancos estatais.

Alckmin foi questionado pelos jornalistas sobre a ação da PM do Paraná na semana passada que, ao coibir protestos de professores, acabou gerando um confronto com mais de 200 pessoas feridas.

Alckmin preferiu não comentar a situação em Curitiba. "Isso é um problema do Paraná."

"'Negocia, governador'"

Apesar de ter dito diversas vezes que o governo está aberto ao diálogo, Alckmin entrou no carro e ignorou cerca de 10 professores que chegaram no fim do evento em Ribeirão Pires, na região metropolitana, onde o governador lançava uma obra da Sabesp.

Aos gritos de "negocia, governador", o grupo da rede estadual de ensino carregava faixas, panfletos e bonecos de chuchu, em referência ao apelido jocoso de Alckmin.

Eles tentaram bloquear a saída do carro do governador, em um protesto que durou poucos minutos, por volta de 11h30 da manhã.

Juscelino Rodrigues, professor e diretor de escola nos municípios de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, era um dos participantes e confirmou ter recebido reajuste em agosto do ano passado.

"Ele (Alckmin) incorporou a bonificação, que a gente já recebia, com o reajuste, que foi de 22,8%. Mas não repôs a inflação dos últimos quatro anos, que foi mais de 22%".

Rodrigues afirma que a bonificação já vinha embutida no holerite como "gratificação do magistrado". "Esse bônus sempre veio no nosso salário. E outra: é dinheiro do Fundeb, não é do Estado".

O professor disse que chegou com 1h30 de atraso à agenda de Alckmin porque "todo mundo estava escondendo as informações sobre o endereço da visita".

Segundo Rodrigues, os professores tiveram de se passar por repórteres perdidos na Prefeitura de Rio Grande da Serra para obter a localização exata da agenda do governador.

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