Geraldo Alckmin: havia expectativa de que pré-candidato tucano se reunisse com Rodrigo Maia, pré-candidato do DEM, mas encontro não ocorreu (Vanessa Carvalho/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 14 de junho de 2018 às 18h27.
Brasília - Depois de uma semana em que o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin exibiu a fragilidade de sua candidatura à Presidência, dirigentes do PSDB o convenceram a fazer mudanças na equipe.
Agora, o ex-governador de Goiás Marconi Perillo vai assumir a coordenação política da campanha tucana, tendo como primeira tarefa tentar articular um bloco de centro em favor de Alckmin.
Em busca de alianças, Alckmin tomou café da manhã, nesta quinta-feira, 14, com o presidente do PROS, Eurípedes Junior, um dia depois de ter se encontrado com o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, que comanda o Solidariedade. Até agora, no entanto, o PSDB não conseguiu alargar o arco de alianças, contando hoje com o apoio de quatro partidos: PSD, PTB, PV e PPS.
"A boa política é que vai ajudar. É importante ter parceiros e eu convidei o Marconi para coordenar a área política de nossa equipe", disse Alckmin. Ao seu lado, Perillo afirmou que pedirá auxílio de ex-presidentes do PSDB para a missão, mas excluiu dessa lista o senador Aécio Neves (MG), alvo da Lava Jato.
"Ele está cuidando da vida dele como senador, cuidando da sua defesa. Ele não tem interesse nenhum em participar de qualquer discussão, de qualquer coordenação na área política", desconversou.
Pré-candidato do PSDB ao Senado, Perillo bateu na tecla de que vai priorizar articulações para unir partidos de centro, na tentativa de enfrentar os extremos e citou até mesmo o MDB do presidente Michel Temer.
O MDB lançou recentemente a pré-candidatura do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles ao Palácio do Planalto, mas o ex-chefe da equipe econômica também está estagnado nas pesquisas de intenção de voto.
"A meta nossa tem de ser uma concertação com o Centrão, o centro democrático", afirmou Perillo. "Temos, dentro do possível, de avançar nessa aliança, nessas conversações com o centro democrático. É o que propõe o ex-presidente Fernando Henrique e aquele documento", emendou ele, em referência ao texto intitulado "Por um Polo Democrático e Reformista", que prega a união de pré-candidatos desse bloco para combater o avanço de Jair Bolsonaro (PSL) e da esquerda.
"Está todo mundo preocupado com o futuro, ninguém quer polarização de extremos. O Brasil quer alguém que tenha equilíbrio, experiência e competência na gestão e na política para tirar o Brasil dessa situação", disse o novo coordenador político da campanha de Alckmin.
Perillo foi um dos que participaram de uma reunião com Alckmin há dez dias, em São Paulo, que tinha no cardápio pizza e cobranças sobre falta de coordenação na campanha. Naquele encontro, o ex-governador de São Paulo não escondeu a contrariedade quando foi cobrado por líderes do PSDB sobre sua paralisia nas pesquisas. Irritado, chegou a dizer até mesmo que, se preferissem, poderiam trocar o candidato.
"À medida que o Geraldo escala pessoas experientes para o time dele, vai tranquilizando não só o PSDB como os aliados e dando respostas a essas pessoas que estavam um pouco ansiosas e inquietas. São respostas concretas", disse Perillo.
Havia uma expectativa de que Alckmin se reunisse em Brasília com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, pré-candidato do DEM ao Planalto, mas o encontro não ocorreu. Em São Paulo, o DEM anunciou apoio, nesta quinta-feira, à candidatura do ex-prefeito João Doria ao Palácio dos Bandeirantes.
Para apagar o "fogo amigo" na campanha tucana, aliados de Alckmin providenciaram uma espécie de desagravo, no qual deputados federais do PSDB, de Estados diferentes, gravaram vídeos com mensagens de apoio a ele, que passaram a ser exibidos nesta semana, nas redes sociais.
Além disso, correligionários foram convocados por WhatsApp a esperar Alckmin em aeroportos, como ocorreu em Brasília, na noite desta quarta-feira. O objetivo é mostrar que ele não está isolado na corrida presidencial.