Joaquim Barbosa: movimento da ala pró-Barbosa busca se contrapor à articulação liderada pelo vice-governador paulista, Márcio França (Nelson Jr./SCO/STF/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de janeiro de 2018 às 08h22.
Última atualização em 30 de janeiro de 2018 às 09h14.
Brasília - A ala do PSB contrária à aliança com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) deu início a uma ofensiva para viabilizar a filiação e candidatura do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa pelo partido na eleição presidencial deste ano.
Capitaneado pelo líder da legenda na Câmara, deputado Júlio Delgado (MG), o grupo prepara uma série de manifestos e notas de diretórios estaduais e da bancada no Congresso em apoio à candidatura do ex-ministro.
O movimento da ala pró-Barbosa busca se contrapor à articulação liderada pelo vice-governador paulista, Márcio França.
Para tentar arregimentar o apoio dos tucanos à sua candidatura ao governo de São Paulo neste ano, França articula aliança do PSB com Alckmin na eleição presidencial.
A movimentação do vice tem incomodado Barbosa, que disse a integrantes da cúpula do PSB que só aceita ser candidato a presidente se tiver amplo apoio na legenda.
Segundo o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, o partido ainda não tomou decisão sobre como se posicionará na disputa presidencial.
De acordo com ele, a legenda está focada na construção de candidaturas a governador em oito Estados - São Paulo, Minas, Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Amazonas, Tocantins e Espírito Santo - e no Distrito Federal.
O primeiro manifesto em apoio ao ex-ministro foi lançado na semana passada pelo diretório do PSB mineiro.
"A Executiva Estadual do PSB de Minas Gerais reconhece que a filiação de Joaquim Barbosa reforça os quadros do campo progressista. É homem público, capacitado, competente e dará grandes contribuições para as discussões temáticas nacionais", diz a nota, aprovada na terça-feira.
"Como este, teremos manifestos de outros Estados e, na volta do recesso, faremos um manifesto de deputados e senadores em apoio à candidatura dele (Barbosa)", disse Delgado ao Estadão/Broadcast.
O deputado afirmou que tem ligado e se reunido com pessebistas de outros Estados para articular as notas. A expectativa é de que os diretórios do Rio Grande do Norte, Acre e Piauí divulguem manifestos nessa linha nas próximas semanas.
Delgado e outros deputados do PSB se reuniram com Barbosa na quinta-feira passada, um dia após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter a condenação confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4).
O encontro ocorreu em Brasília e teve a presença do marqueteiro argentino Diego Brady, que trabalhou na campanha presidencial do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), em 2014.
Na reunião, Barbosa, que deixou o Supremo no ano da morte de Campos em acidente aéreo durante a campanha eleitoral, relatou incômodo com movimentos de alas do PSB contra sua candidatura.
"Dissemos a ele que nem o Eduardo (Campos), que era governador de Pernambuco, presidente do partido e que teve toda uma história no partido, conseguiu unanimidade em 2014. É um trabalho de construção de candidatura e que vamos continuar fazendo", afirmou o líder do PSB na Câmara.
Na reunião, o marqueteiro argentino sugeriu que Barbosa publicasse uma nota comentando o resultado do julgamento do TRF-4, que, por unanimidade, não só confirmou a condenação de Lula no processo do triplex do Guarujá (SP), como aumentou a pena de 9 anos e 6 meses para 12 anos e 1 mês. O ex-ministro, no entanto, disse que não iria se manifestar publicamente para não ser "tachado de oportunista".
O encontro da semana passada foi o segundo de Barbosa com integrantes do PSB em menos de dois meses. Em 11 de dezembro, o ex-ministro do Supremo se reuniu com deputados federais do partido em seu escritório em São Paulo.
Nas duas conversas, ele admitiu interesse em disputar a eleição presidencial deste ano, mas disse que só anunciará sua decisão oficial em março - o prazo para políticos que forem participar das eleições se filiarem a algum partido acaba em 7 de abril.
A reportagem não conseguiu contato nesta segunda-feira, 29, com o ex-ministro do Supremo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.