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AGU pede que STF investigue ação suspeita antes de tarifaço no inquérito contra Eduardo Bolsonaro

De acordo com a AGU, o padrão das transações indica indícios de insider trading, prática ilegal de uso de informação privilegiada

Há indícios de que o parlamentar não apenas tentou obstruir a Justiça, mas também se beneficiou financeiramente de decisões políticas coordenadas com autoridades estrangeiras (Agência Câmara/Agência Câmara)

Há indícios de que o parlamentar não apenas tentou obstruir a Justiça, mas também se beneficiou financeiramente de decisões políticas coordenadas com autoridades estrangeiras (Agência Câmara/Agência Câmara)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 20 de julho de 2025 às 09h23.

Última atualização em 20 de julho de 2025 às 09h42.

A Advocacia-Geral da União (AGU) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de investigação sobre possíveis operações financeiras irregulares realizadas no Brasil antes do anúncio do tarifaço feito pelo governo dos Estados Unidos. A suspeita surge no âmbito do inquérito que apura a atuação do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro e indica possível uso de informações privilegiadas no mercado de câmbio.

A petição enviada na noite de sábado, 20, tem como base uma reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, que revelou uma movimentação bilionária no mercado americano de câmbio. Segundo a apuração, investidores teriam apostado contra o real momentos antes do então presidente norte-americano Donald Trump anunciar um aumento tarifário, o que provocou a valorização do dólar.

De acordo com a AGU, o padrão das transações indica indícios de insider trading, prática ilegal de uso de informação privilegiada, potencialmente cometida por pessoas físicas ou jurídicas com acesso prévio a dados econômicos sensíveis. A operação teria ocorrido entre 13h30 e 16h20 (horário de Washington), resultando em ganhos potenciais de até 50% com variação cambial em um intervalo de apenas três horas.

O órgão vinculado ao governo federal argumenta que os elementos divulgados podem configurar condutas criminosas e ampliar a linha de apuração já em curso no STF contra Eduardo Bolsonaro. Segundo nota oficial, há indícios de que o parlamentar não apenas tentou obstruir a Justiça, mas também se beneficiou financeiramente de decisões políticas coordenadas com autoridades estrangeiras.

Operações no câmbio e uso político de tarifas: conexões sob apuração

Na notícia encaminhada ao ministro relator Alexandre de Moraes, a AGU afirma que os episódios descritos na reportagem reforçam o vínculo entre interesses financeiros e tentativas de coação institucional. Eduardo Bolsonaro, que está há meses nos Estados Unidos, manteve reuniões com integrantes do governo americano e do Congresso nas semanas que antecederam o anúncio das tarifas.

A AGU também notificou a Procuradoria-Geral da República e solicitou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que adote medidas urgentes no âmbito do mercado de capitais. A CVM é o órgão regulador responsável por fiscalizar condutas como o uso indevido de informações para obtenção de lucro.

“A AGU pontua que, além da esfera criminal, o uso ilícito de informação privilegiada enseja responsabilidade civil e administrativa, inclusive por prejuízos ao mercado e a investidores”, destaca a nota divulgada pelo órgão.

Segundo o Jornal Nacional, entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões foram comprados no momento em que o dólar estava a R$ 5,46 e revendidos a R$ 5,60 após o anúncio de Trump. A reportagem identificou movimentações semelhantes envolvendo moedas de países que também foram alvo de medidas protecionistas, o que levantou alertas entre parlamentares americanos — que, até o momento, não conseguiram avançar com investigações formais.

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