Brasil

Agronegócio se queixa de declarações de chanceler

Bancada Ruralista elaborou carta para apresentar preocupação com declarações de Ernesto Araújo sobre relação comercial com a China

Ernesto Araújo: produtores rurais não gostaram das últimas declarações do ministro das Relações Exteriores (Andre Coelho/Bloomberg)

Ernesto Araújo: produtores rurais não gostaram das últimas declarações do ministro das Relações Exteriores (Andre Coelho/Bloomberg)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de março de 2019 às 13h14.

Brasília e São Paulo — O setor agropecuário manifestou, em carta obtida pelo Estadão/Broadcast, preocupação quanto às declarações do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, sobre a relação do Brasil com a China. A carta foi enviada por associações que integram o Instituto Pensar Agro como sugestão para a presidência da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). O presidente da FPA, Alceu Moreira, decidiu não entregar a manifestação, depois de encontros com o governo e, principalmente, após a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, anunciar uma missão para a China.

"A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) gostaria de externar a sua preocupação em relação às supostas declarações reproduzidas pelo noticiário nacional, nas quais teriam sido feitas afirmações no sentido de diminuir a importância das relações comerciais entre Brasil e China", diz a carta. Em aula magna para os alunos do Instituto Rio Branco, na semana passada, o ministro falou, entre outros tópicos, sobre a relação diplomática com a China. "Queremos vender, por exemplo, soja e minério de ferro, mas nós não vamos vender a nossa alma. Isso é um princípio claro que temos muito presente", disse.

"Muita gente quer que nós vendamos a nossa alma e muita gente não acha que tenhamos nenhuma alma para vender. E querem reduzir a nossa política externa a simplesmente uma questão comercial. Isso não vai acontecer."

A carta destaca que a China se tornou o principal parceiro comercial do país desde 2009. "O desenvolvimento da economia chinesa tem elevado as demandas dos produtos agrícolas brasileiros", diz a carta, ressaltando que o Brasil tem superávit de US$ 32 bilhões com os chineses e que os produtos mais exportados aos chineses são soja, celulose, carne bovina, frango, açúcar e algodão.

Visita

Por meio de sua assessoria, a presidência da FPA informou que Moreira fará uma visita oficial ao chanceler para apresentar a pauta do agronegócio. A reunião ainda não tem data, mas deve ocorrer após a visita oficial aos EUA. Moreira já teve reuniões com a ministra da Agricultura e com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

A carta assinala ainda que "o estabelecimento de uma agenda pautada no pragmatismo econômico é o único caminho possível para quem vislumbra o crescimento econômico de uma Nação". "Reiteramos nossa confiança em vossa capacidade para trilhar esse caminho, com a sensibilidade de que o agronegócio brasileiro não pode abrir mão de seus principais parceiros estratégicos, com quem mantém próxima relação comercial", aponta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Agronegócio

Mais de Brasil

EUA restringem circulação de Padilha em Nova York a 5 quarteirões de hotel e reuniões na ONU

STF dá prazo para Câmara se manifestar sobre PEC da Blindagem

STF tem maioria para aumentar requisitos de cobertura fora do rol da ANS por planos de saúde

Governo dos EUA libera visto de ministro da Saúde para acompanhar Lula na ONU