O foco principal desta vez é a facção Terceiro Comando Puro (TCP) (Leandro Fonseca/Exame)
Agência de notícias
Publicado em 10 de outubro de 2023 às 13h39.
Última atualização em 10 de outubro de 2023 às 17h21.
As forças de segurança do Rio fazem nesta terça-feira, 10, o segundo dia de operações contra facções que atuam no tráfico de drogas na cidade. Assim como na segunda-feira, cerca de mil agentes das polícias Civil e Militar, incluindo de batalhões especiais, atuam em diferentes favelas da cidade, em especial no Complexo da Maré, na zona norte. A Cidade de Deus, na zona oeste também é alvo da operação.
O foco principal desta vez é a facção Terceiro Comando Puro (TCP). No início da manhã, policiais militares foram ao clube na Maré que servia como "centro de treinamento" dos criminosos, onde eles treinavam táticas de guerrilha e incursões.
Além do centro de treinamento do tráfico, nesta terça agentes da Delegacia de Repreensão a Entorpecentes (DRE) encontraram uma plantação de skunk em uma casa de dois andares na Vila do João, Complexo da Maré. O skunk é conhecido como "supermaconha" e possui efeitos mais potentes e nocivos ao cérebro.
A megaoperação começou na segunda-feira, quando as forças de segurança foram a bases do Comando Vermelho. A principal facção do Rio é suspeita do assassinato de três médicos na semana paulista, em um quiosque na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.
No primeiro dia de operação, nove pessoas foram presas, sendo três delas em flagrante - as outras seis haviam mandados de prisão em aberto. Entre os presos está um policial militar que fazia a "segurança" de um caminhão carregado com 100 quilos de cocaína. A carga apreendida é avaliada em R$ 12 milhões.
A operação também apreendeu meia tonelada de maconha e acabou com um laboratório de refino de drogas e fabricação de explosivos. Em paralelo, agentes da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) realizaram uma operação em presídios do Complexo de Gericinó, em Bangu, para coibir a atuação de líderes das facções. Ao todo, 58 celulares foram apreendidos nas celas, além de um quilo de drogas.
A megaoperação desta semana ocorre na esteira do assassinato de três médicos na semana passada. A principal hipótese da polícia para a motivação do crime é que um dos profissionais pode ter sido confundido com um miliciano. Além de conflito declarado entre facções ligadas a traficantes e outras de milicianos, alguns grupos estão se unindo para tentar expandir suas áreas de atuação.
O médico Perseu Ribeiro Almeida pode ter sido confundido com o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, filho de Dalmir Pereira Barbosa. A tese foi compartilhada por investigadores do Rio com agentes de São Paulo que prestam apoio ao inquérito.
Imediatamente após a ocorrência, a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) foi acionada e investiga as mortes de Marcos de Andrade Corsato, Perseu Ribeiro Almeida e Diego Ralf de Souza Bomfim. Diego é irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) que cobrou apuração do caso e se disse "devastada" com a notícia.
Também atingido por disparos naquela noite, o médico Daniel Sonnewend Proença foi socorrido e permanece hospitalizado. Ele foi transferido para São Paulo no início desta semana.