Brasil

Agentes da Polícia Federal apoiam MP contra PEC 37

A proposta de emenda constitucional (PEC) 37 retira poderes de investigação do Ministério Público


	"Nossa posição é de repúdio à emenda e parceria com o Ministério Público", declarou o presidente do Sindicato dos Policiais Federais (Sindipol) no Distrito Federal, Flávio Werneck, em entrevista coletiva
 (Fernando Moraes/Veja SP)

"Nossa posição é de repúdio à emenda e parceria com o Ministério Público", declarou o presidente do Sindicato dos Policiais Federais (Sindipol) no Distrito Federal, Flávio Werneck, em entrevista coletiva (Fernando Moraes/Veja SP)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de junho de 2013 às 19h03.

Brasília - Representantes dos policiais federais declararam nesta segunda-feira posição contrária à proposta de emenda constitucional (PEC) 37, que retira poderes de investigação do Ministério Público.

"Nossa posição é de repúdio à emenda e parceria com o Ministério Público", declarou o presidente do Sindicato dos Policiais Federais (Sindipol) no Distrito Federal, Flávio Werneck, durante entrevista coletiva.

A declaração aflorou o racha na instituição, já que os delegados da Polícia Federal apoiam a emenda constitucional. O presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Jones Borges Leal, relatou que a função do delegado é cada vez mais "dispensável".

"Eles estão brigando por uma coisa que não fazem. Quem investiga é o agente, o escrivão, o papiloscopista. Os delegados só pegam o relatório, copiam e colam, e encaminham ao Ministério Público", disse Leal.

"Se nós hoje tirarmos esse cargo, nada mudaria na segurança pública. Os policiais investigariam da mesma forma e encaminhariam ao MP, talvez com mais rapidez e agilidade", afirmou.

Leal relatou que uma enquete com os cerca de 15 mil sindicalizados revelou que 99% dos agentes policiais reprova a emenda constitucional. Para os representantes dos agentes policiais, os delegados federais apoiam a emenda constitucional num "pleito corporativista".

"A PEC não agrega vantagem à investigação. Eles (os delegados) querem mais poder e equiparação salarial pela Constituição Federal", disse Werneck.

O presidente do Sindipol acrescentou que o afastamento dos procuradores das investigações agravaria os índices de efetividade do trabalho. "Temos índices pífios de responsabilização criminal no Brasil, apenas 9%", disse Werneck, citando dados do Ministério da Justiça.

"Isso significa que, se eu cometer um crime, tenho 91% de chance de não pagar por isso", concluiu. Segundo eles, nos Estados Unidos e na Colômbia esse índice é de 60% e, na Inglaterra, 90%.

O presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Alexandre Camanho afirmou que este é o momento adequado para o Congresso mostrar que está em sintonia com a sociedade e rejeitar a emenda. "O povo já fez o funeral da PEC 37, agora a gente quer da Câmara a certidão de óbito", disse Camanho.

Acompanhe tudo sobre:Ministério PúblicoPolícia FederalProtestosProtestos no Brasil

Mais de Brasil

Eduardo Bolsonaro celebra decisão do governo Trump de proibir entrada de Moraes nos EUA

Operação da PF contra Bolsonaro traz preocupação sobre negociação entre Brasil e EUA, diz pesquisa

Tornozeleira eletrônica foi imposta por Moares por “atos de terceiros”, diz defesa de Bolsonaro

Após operação da PF contra Bolsonaro, Lula diz que será candidato a reeleição em 2026