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Para africanos, a Copa ainda é distante

Presença de torcedores africanos nas arquibancadas dos estádios é tímida

Torcedores da Nigéria assistem ao jogo do lado de fora do estádio

Torcedores da Nigéria assistem ao jogo do lado de fora do estádio

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Da Redação

Publicado em 7 de março de 2011 às 16h13.

Johannesburgo - Depois de um empate da África do Sul e uma derrota da Nigéria, o continente africano tem duas chances de conseguir sua primeira vitória no Mundial neste domingo, nas partidas entre Argélia e Eslovênia, em Polokwane, e Gana e Sérvia, em Pretória. O maior triunfo dos africanos nesta Copa, porém, parece impossível de ser alcançado. Quando a Fifa anunciou a escolha da África do Sul como sede, uma das principais bandeiras da campanha era trazer um impacto positivo ao país e aos seus vizinhos a partir da realização do evento. Mas os sul-africanos vão arcar com uma conta salgada depois do torneio – e as outras nações do continente parecem ter sido barradas no baile, tanto no quesito impulso econômico quanto na participação na festa.

Nas arquibancadas, a presença de torcedores vindos de outros países africanos é tímida. Os problemas nas vendas de ingressos para os vizinhos dos sul-africanos fizeram com que encontrar pessoas desses países nas arquibancadas se transformasse em uma missão mais difícil do que seria de se esperar. Algo a se lamentar, pois ver os maiores jogadores do mundo de perto é chance única para a esmagadora maioria dos habitantes do continente. Na partida de sábado entre Argentina e Nigéria, por exemplo, dois garotos sul-africanos estavam “infiltrados” na torcida dos sul-americanos. Conseguiam ser ainda mais empolgados que os incansáveis argentinos. O mais curioso é que apoiavam os dois times ao mesmo tempo: quando algum jogador famoso tocava na bola, iam ao delírio, fosse ele argentino, fosse nigeriano.

O jogo de sábado no estádio Ellis Park, aliás, foi exceção quanto à participação africana na plateia. O campo é próximo de uma região com forte presença de imigrantes nigerianos, e a torcida do país tinha tamanho respeitável. Mas essa cena não deve ser das mais comuns no decorrer do torneio. De acordo com a Fifa, a venda de ingressos no continente que recebe a Copa pela primeira vez está 76% menor do que o previsto. Até a semana passada, só 41.000 bilhetes tinham sido vendidos aos vizinhos do país anfitrião.


A Argélia, que estreia neste domingo, é a campeã em vendas, mas tinha comprado só 9.300 ingressos até dez dias atrás. Mesmo que todos tivessem sido vendidos para o primeiro jogo, o estádio em Polokwane teria cerca de um quinto de sua capacidade ocupada por argelinos. A Costa do Marfim, adversária do Brasil na primeira fase, comprou só 8.000 ingressos até a última semana. O Zimbábue, país que faz fronteira com a África do Sul, adquiriu só 1.300. Enquanto isso, os americanos já tinham comprado 134.953 bilhetes até alguns dias atrás.

Mais importante ainda que os lugares na arquibancada, um possível efeito mais duradouro na economia dos países africanos também já é cercado de dúvidas. Apesar de uma campanha da Fifa para tentar garantir um legado positivo, por enquanto existe o temor de que só houve gastos, sem grandes retornos. Países como Botsuana e Moçambique investiram para se preparar para receber turistas de todas as partes do mundo antes e depois da Copa, mas o movimento até agora é decepcionante – afinal, o fluxo de visitantes no próprio país-sede ficou bem abaixo do que se esperava. Até agora, a primeira Copa em solo africano parece, para a grande maioria dos moradores do continente, um Mundial como todos os outros: uma festa só para os outros, que se acompanha à distância, com a cara grudada na TV.


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