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Africano da elite da Fifa está no esquema de cambistas

Amos Adamu foi identificado como o responsável direto pela Pamodzi, uma das empresas que operava como cambista na Copa


	Ingressos para Copa: a empresa inundava o mercado negro com ingressos 
 (AFP/Getty Images)

Ingressos para Copa: a empresa inundava o mercado negro com ingressos  (AFP/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 16 de julho de 2014 às 08h48.

Rio - A Operação Jules Rimet, deflagrada pela Polícia Civil do Rio, identificou o nigeriano Amos Adamu, homem forte do futebol africano e que durante anos teve acesso livre à sede da Fifa, em Zurique, como o responsável direto pela Pamodzi, uma das empresas que operava como cambista na Copa. Para camuflar a sua ação, Adamu usou como "laranja" Mike Itemuagbor, gerente da sua companhia.

Segunda a polícia, a Pamodzi revendia entradas que adquiria e inundava o mercado negro com ingressos a preços elevados para o Mundial. A Fifa e a Match, empresa que negocia pacotes, anunciaram depois das prisões que os acordos com a Pamodzi seriam suspensos.

Mas a reportagem apurou que a empresa tinha uma relação mais que estreita com dirigentes que fizeram parte da Fifa e seus executivos continuam mandando no futebol africano. Na Nigéria, a companhia é gerenciada por Mike Itemuagbor, o sócio e intermediário de Amos Adamu.

Adamu foi o organizador do Mundial Sub-21 na Nigéria em 1999, da Copa das Nações em 2000 e fez parte do comitê organizador da Copa do Mundo de 2010 na África do Sul. Ele ainda ocupou cargos no governo nigeriano por mais de uma década e chegou a ser presidente da União de Futebol da África do Oeste.

Em uma investigação sobre a corrupção do futebol nigeriano em 2008, um depoimento no Senado do país acusou Adamu de desvios de dinheiro. Apesar das alegações de corrupção em seu país, o dirigente seria escolhido em 2009 para ocupar um dos 24 lugares no Comitê Executivo da Fifa, em Zurique.

Mas em 2010 Adamu foi pego em uma gravação negociando seu voto para escolher a sede da Copa do Mundo de 2022 em troca de 500 mil libras esterlinas (R$ 1,9 milhão). Forçada a atuar diante das evidências, a Fifa acabou suspendendo o nigeriano.

Em outubro de 2013, sua suspensão acabou e, quase imediatamente, ele voltou à ativa. Na Copa, a Nigéria foi sancionada pela Fifa diante da intervenção do estado na Federação Nacional. Adamu, porém, foi quem liderou a delegação africana para tentar reverter a suspensão, recebido pelos dirigentes da Fifa.

LARANJA - Se Adamu é um personagem conhecido da Fifa, seu "sócio" Mike Itemuagbor também faz parte da família do futebol. Na Nigéria, a "Padmozi Limited" é a empresa que, misteriosamente, ganha todos os contratos de marketing da Federação Nigeriana.

Itemuagbor chegou a viajar ao Brasil. Em dezembro de 2013, ele fez parte da comitiva da Nigéria que esteve na Bahia para o sorteio do Mundial. Há poucos dias, o executivo foi um dos que assinaram uma carta ao governo da Nigéria pedindo o fim da intervenção do estado na federação de futebol.

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