Greve dos caminhoneiros de 2018: país parou por 11 dias (Ueslei Marcelino/Reuters)
Carla Aranha
Publicado em 21 de julho de 2021 às 15h18.
Última atualização em 23 de julho de 2021 às 12h27.
Lideranças do setor continuam afirmando que a greve dos caminhoneiros está mantida e a paralisação deve começar a partir de domingo, 25. Mas entidades importantes, como a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), dizem que as chances de uma grande greve são diminutas, dado o baixo número de adesões ao movimento até o momento.
"A prerrogativa e legalidade de se realizar uma paralisação é um direito do caminhoneiro e formalizada através de assembléia nos sindicatos. Até o presente momento, não temos conhecimento de tal iniciativa por parte de sindicatos ligados ao sistema da nossa Confederação", disse a CNTA em nota.
O Ministério da Infraestrutura, principal interlocutor dos transportadores de carga junto ao governo, também afirma não ter conhecimento de eventuais solicitações de contato ou reuniões para discutir a possibilidade de uma paralisação da categoria.
O setor segue dividido, com alguns líderes convocando a paralisação em grupos de WhatsApp, mas ainda longe de fazer o barulho de 2018, quando uma greve dos caminhoneiros parou o país. A CNTA, considerada uma das maiores entidades do setor de transportadores autônomos, segue afirmando que não irá aderir à greve.
Grupos menores, como a Associação Nacional de Transporte do Brasil (ANTB), que reúne 4.500 associados, tentam levar o movimento adiante, retomando uma iniciativa mal-sucedida do início do ano. Na ocasião, os esforços para paralisar o país acabaram naufragando, por falta de adesão.
José Roberto Stringasci, presidente da ANTB diz continuar fazendo convocações para o movimento grevista previsto para domingo, Dia de São Cristóvão, padroeiro dos caminhoneiros. Ele avalia que haverá, sim, paralisação, com possibilidade de se estender por vários dias da semana que vem.
O Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), um dos principais idealizadores da tentativa de greve do início do ano, também sustenta que os planos de promover uma greve geral estão mantidos.
Plínio Dias, presidente da entidade, foi um dos principais líderes da greve de 2018, que contou com o apoio de empresas do setor de transportes e durou 11 dias.
Outro importante líder da categoria, Wallace Landim, conhecido como Chorão, presidente da Abrava (Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores) deve manifestar sua posição a respeito da greve nesta sexta, 23. Ele ainda não divulgou seu apoio ao movimento.
O Ministério da Infraestrutura divulgou em nota que a CNTRC "não é entidade de classe representativa para falar em nome do setor do transporte rodoviário de cargas autônomo e que qualquer declaração feita em relação à categoria corresponde apenas à posição isolada de seus dirigentes". A pasta também destaca que as associações do setor possuem caráter difuso e fragmentado.
Em pauta
Entre as principais reinvidicações da categoria estão o fim da política de preços da Petrobras para os combustíveis e o cumprimento do piso mínimo de frete. A alta mais recente ocorreu no dia 5 deste mês, quando a Petrobras elevou o preço da gasolina em mais de 6%. O diesel teve um aumento de 3,7% e passou a custar 2,81 reais nas refinarias.
Os reajustes foram acompanhandos por um aumento de 5,8% do frete rodoviário. Segundo os caminhoneiros, no entanto, a tabela dificilmente é respeitada. O preço mínimo do frete foi criado pela equipe do ex-presidente Michel Temer durante a greve de maio de 2018. A medida foi implementada pelo governo dentro do conjunto de ações para pôr fim à paralisação.