Brasil

Afastamento de Cunha abre espaço para contestar impeachment

"A decisão foi viciada, antijurídica”, disse o jurista Dalmo Dallari hoje (6), após participar de almoço promovido pelo Instituto dos Advogados de São Paulo


	Eduardo Cunha: “Para a retirada da presidência, o relator apontou uma série de irregularidades, inclusive no encaminhamento do processo"
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Eduardo Cunha: “Para a retirada da presidência, o relator apontou uma série de irregularidades, inclusive no encaminhamento do processo" (Ueslei Marcelino/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2016 às 17h29.

Para o jurista Dalmo Dallari, a suspensão do mandato de deputado de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e seu afastamento da presidência da Câmara abrem espaço para contestação do processo de impeachment.

“Para a retirada da presidência, o relator apontou uma série de irregularidades, inclusive no encaminhamento do processo [de impeachment]. Se isso for comprovado, então é fundamento para anular essa decisão [de aceitar a abertura de processo de impeachment]. A decisão foi viciada, antijurídica”, disse hoje (6), após participar de almoço promovido pelo Instituto dos Advogados de São Paulo.

Os 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) validaram ontem (5) a decisão liminar do ministro Teori Zavascki, que determinou a suspensão do mandato e afastou Cunha da presidência da Câmara dos Deputados.

O ministro, que relatou o caso, atendeu a um pedido feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em dezembro do ano passado.

Segundo o relator, o parlamentar atua com desvio de finalidade para promover interesses espúrios.

Zavascki citou casos envolvendo a CPI da Petrobras e o processo a que Cunha responde no Conselho de Ética da Câmara, nos quais o deputado é acusado de usar requerimentos apresentados por aliados para se beneficiar.

Com base na decisão, o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo,disse que vai pedir ao STF a anulação do processo de impeachment.

"Já estamos pedindo a anulação do processo, vamos pedir novamente. A decisão do STF é uma prova muito importante no sentido de que ele usava o cargo para finalidades estranhas ao interesse público, como aconteceu no caso do impeachment", disse o ministro da AGU.

A admissibilidade do processo de afastamento da presidenta foi aprovada hoje, pela Comissão Especial do Impeachment do Senado. O texto será agora apreciado pelo plenário da Casa.

Delinquente

Dallari referendou os argumentos usados por Zavascki para determinar o afastamento de Cunha.

“É desmoralizante para o Brasil e para todo o povo brasileiro ter um homem como Eduardo Cunha como deputado e, pior ainda, como presidente da Câmara. É um delinquente. A própria Câmara deveria cassar o mandato dele”, enfatizou.

Apesar das duras críticas ao deputado, o jurista relativisou o tempo que os ministros levaram para tomar a decisão.

“Sem dúvida, é um caso muito importante pelos elementos envolvidos e pelas implicações. Então, até certo ponto é justificável a demora, não era uma coisa de ser decidida do dia para a noite.”

A decisão sem contestação entre os ministros torna difícil, na opinião de Dallari, que o afastamento seja revertido pela Corte. “Não há nenhuma possibilidade e foi unânime. Eu acho que isso tem um peso muito importante”, ressaltou.

Acompanhe tudo sobre:Eduardo CunhaImpeachmentSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Brasil

Por unanimidade, STF torna réus seis acusados de organizar tentativa de golpe contra Lula

Secretário de Habitação de SP reclama de ‘falta de boa vontade' da União na favela do Moinho

Moraes vê 'indícios suficientes' para tornar mais seis réus em julgamento de trama golpista

Bolsonaro segue na UTI em 'boa evolução clínica e com movimentação intestinal', diz boletim médico