Passageira: - Na parte da manhã, quanto mais cedo o voo, mais tem tido fila. Os primeiros voos são os mais complicados. (Tânia Rêgo/Agência Brasil/Agência Brasil)
Agência O Globo
Publicado em 21 de outubro de 2022 às 10h17.
Perto de bater no limite em movimento de passageiros em 2022 e superando 2019, o Santos Dumont, no Rio de Janeiro, tem operado com o terminal cheio, o que faz com que longas filas de embarque tenham passado a fazer parte da rotina de quem usa regularmente o aeroporto.
Se o volume de embarques e desembarques registrado em setembro se mantiver nestes últimos três meses, fecha 2022 ultrapassando a capacidade de 9,9 milhões de viajantes anuais.
A advogada Claudia Padilha, por exemplo, viaja com frequência do Santos Dumont, e no horário da manhã. Os destinos para os quais embarca variam conforme o projeto que está atendendo. Ela afirma que as longas filas ocorrem há cerca de seis meses. Com isso, Claudia mudou sua rotina e passou a chegar mais cedo ao aeroporto para não correr o risco de perder o voo.
— Na parte da manhã, quanto mais cedo o voo, mais tem tido fila. Os primeiros voos são os mais complicados. Tem dias piores. Hoje (ontem), por exemplo, havia muita gente com notebooks, o que leva mais tempo no raios x — diz.
O início da manhã, sobretudo na segunda-feira, e o fim da tarde, principalmente nas sextas-feiras e domingos, são reconhecidamente horários de pico. Na quinta-feira, o movimento foi atípico, na sequência da final da Copa do Brasil, quando mais de 68 mil pessoas lotaram o Maracanã para acompanhar Flamengo e Corinthians.
O engenheiro civil Victor Mathias, que costuma pegar o voo das 7h do Santos Dumont a Brasília, se surpreendeu com a alta no fluxo de passageiros:
— Geralmente, é cheio neste horário, a fila (de embarque) vai até a escada rolante (que fica na metade do andar). Só que está muito maior — contou ontem, enquanto aguardava para embarcar.
Ele havia chegado ao Santos Dumont com uma hora de antecedência, mas, ainda assim, estava preocupado em demorar muito na fila do raios x e acabar perdendo o voo.
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— A companhia aérea não te espera, mesmo se estiver parado no raios x — disse ele.
A fila de raios x, no entanto, andou rápido. Com todos os guichês funcionando, levou em torno de 15 minutos, contou Mathias. Claudia, contudo, relatou um processo mais lento um pouco mais tarde.
Marcus Quintella, diretor da FGV Transportes, explica que o Santos Dumont não está fora do limite operacional:
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— Ele não está sobrecarregado, mesmo perto da capacidade, ainda que tenha horários de pico e possa melhorar em serviços nesses momentos. O que ocorre é que as companhias definem suas malhas atentas ao passageiro. O Santos Dumont tem situação geográfica privilegiada, VLT na porta, vias de acesso seguras, ponte aérea Rio-São Paulo e ainda cresceu como conexão para voos internacionais em Guarulhos ou Brasília.
No pós-pandemia, o Santos Dumont supera 7,25 milhões de passageiros, entre embarques e desembarques, de janeiro a setembro. Só no mês passado, foram 908,8 mil, segundo a Infraero, administradora do aeroporto. Ao comparar os primeiros nove meses deste ano com igual período de 2019, a alta é de 14,7%.
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É importante lembrar que de 24 de agosto a 21 de setembro de 2019, o aeroporto teve o movimento de voos reduzido em 80% devido a obras na pista principal. Ainda que a comparação seja de janeiro a julho, o Santos Dumont já retomou o fluxo anterior à Covid.
Outro motivo para o terminal cheio agora, dizem funcionários, seria a migração de passageiros do Galeão.
De janeiro a julho, para usar a mesma base de comparação, o movimento de passageiros no Aeroporto Internacional Tom Jobim recuou em 57% ante os mesmos meses de 2019, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil.
— O Galeão é um aeroporto com infraestrutura de padrão internacional. Mas nesse segmento há dificuldade para atrair voos em decorrência de problemas na economia fluminense. E, por ora, há menos passageiros no Rio para serem divididos entre os dois aeroportos — pondera Quintella.
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A RIO galeão, concessionária que administra o Tom Jobim, que pode receber 37 milhões de passageiros por ano, informou que “realiza intenso trabalho comercial para atração de novos voos e companhias aéreas, sendo porta de entrada de quatro low cost no país, entre elas a chilena JetSMART que inicia operações no aeroporto em dezembro”.
A Latam informou que conta hoje com uma equipe 55% maior que a de 2019 no Santos Dumont. E que adotou, no início de 2021, o check-in automático, que permite ao passageiro ter um cartão de embarque virtual 48 horas antes do voo.
Com isso, o viajante pode ir direto para seu portão de embarque ao chegar ao aeroporto. Segundo a empresa, essa ferramenta reduz filas de atendimento em até 20 minutos.
A Azul disse não ter registrado impacto em sua operação devido ao alto fluxo de passageiros no Santos Dumont na quinta-feira. E que investe em novas tecnologias para otimizar o processo de embarque, como a bancada digital para autoatendimento e check-in pelo aplicativo Azul e WhatsApp.
Procurada para comentar medidas adotadas para agilizar o atendimento ao passageiro no Santos Dumont, a Infraero não respondeu até o fechamento desta edição.
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