O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho: "o PSDB está correndo atrás do apoio das massas. Isso é demagogia" (Elza Fiuza/ABr)
Da Redação
Publicado em 16 de abril de 2015 às 20h53.
São Paulo - O ex-ministro da Secretaria-geral da Presidência da República Gilberto Carvalho (PT) disse na noite desta quinta-feira, 16, que o senador Aécio Neves e o PSDB fazem demagogia ao se aproximarem dos movimentos que protestam contra o governo Dilma Rousseff.
Ele afirmou ainda que Aécio "não tem moral" para pedir o impeachment da presidente.
"O PSDB está correndo atrás do apoio das massas. Isso é demagogia. É tentar fazer agora uma sintonia com as ruas que eles não tiveram e agora oportunisticamente tentam ter. Ele (Aécio) devia pensar no que ele fez em Minas Gerais e a maneira como o Fernando (Pimentel, governador pelo PT) encontrou Minas Gerais, aquele desgoverno absurdo", disse Carvalho. "Ele (Aécio) não tem moral nenhuma para falar isso, ele tem que aceitar a derrota que ele sofreu - ele foi um honroso candidato, tudo bem - mas não posso levar a sério, sinceramente acho que isso é uma apelação que não merece consideração", completou.
O PSDB, liderado por Aécio Neves, junto a outros partidos de oposição, estuda fatos para respaldar um eventual pedido de afastamento de Dilma.
Entre esses fatos estão a responsabilidade da presidente por crimes fiscais em função das chamadas "pedaladas" - que foram aportes de bancos públicos para fechar as contas da União; o uso irregular dos Correios nas eleições; e a acusação de que a Controladoria-Geral da União (CGU) segurou informações sobre irregularidades na Petrobras para serem apuradas apenas após o pleito do ano passado.
Vaccari
Carvalho, que é próximo do ex-presidente Lula, evitou classificar como política a prisão do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, em meio às investigações da operação Lava Jato.
Ele, contudo, disse haver uma "hipocrisia" em se apurar irregularidades apenas nas doações destinadas ao PT. "Os (recursos) dos outros foram de rifa, foram de festa de igreja sei lá", comentou. "Não vou fazer juízo de valor sobre qual a intenção (da prisão), se foi política ou não. Mas acho que então todos os tesoureiros de partido deveriam ser chamados", argumentou.
O ex-ministro também criticou os companheiros de partido que pediram o afastamento de Vaccari ao longo das últimas semanas. Carvalho não citou nomes, mas um dos que defendeu abertamente o afastamento do tesoureiro foi o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro.
"Não acho que a gente tem que ficar sacrificando companheiros e sou contra aqueles que pediram a saída do Vaccari, porque muitos dos que pediram foram beneficiados em suas campanhas pelo dinheiro que ele arrecadou legitimamente. Como agora você pratica uma brutal falta de solidariedade e de injustiça?"
Carvalho admitiu que o partido cometeu erros, mas defendeu que houve muitos acertos nos 12 anos de gestão petista no governo federal. Ele defendeu que o processo atual de denúncias ajudará o partido a se "purificar" e seguir em frente.
Financiamento de campanha
Carvalho defende a tese que é majoritária no PT de que o problema está no sistema de financiamento empresarial das campanhas. Mas comentou que há uma contradição, pois não sabe se Lula teria conseguido se eleger em 2002 e ter promovido um governo de inclusão social, não fosse o financiamento privado de sua campanha.
"Se em 2002, nós não tivéssemos arranjado muito dinheiro para pagar o Duda Mendonça, que era muito caro, nós teríamos chegado ao governo? Talvez não e perderíamos a oportunidade de ter feito o que nós fizemos", ponderou.
Carvalho concluiu então que a solução só ocorrerá quando todos os partidos forem proibidos de receber doações de empresas e o sistema for alterado. Carvalho também reclamou do ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, por não devolver ao plenário da Corte a ação sobre financiamento empresarial para que o STF possa concluir o julgamento.