Aécio: "Para usar uma expressão da presidente, o malfeito para este governo só é malfeito quando vira escândalo. Até lá, é bem-feito" (Nelio Rodrigues/Agência Primeiro Plano)
Da Redação
Publicado em 14 de julho de 2012 às 16h32.
Belo Horizonte - O senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou nesta segunda que o governador tucano Marconi Perillo (GO) terá oportunidade de se explicar sobre os recursos que o jornalista Luiz Carlos Bordoni afirmou ter recebido de empresa ligada ao contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, para prestar serviços à campanha do goiano. Para o senador, como homem público, Perillo deve ter garantido o direito "legítimo" de prestar esclarecimentos sobre "esse pagamento e outros que venham a surgir".
O governado deve ser ouvido pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que tramita no Congresso para investigar o esquema de Cachoeira no próximo dia 12, mas tucanos tentam antecipar seu depoimento para evitar que o desgaste se prolongue. Em visita às obras do estádio Mineirão, em Belo Horizonte, Aécio disse que ainda não conversou com o correligionário sobre as acusações, mas avaliou que Perillo "tem sido muito enfático e muito firme nas explicações" sobre as denúncias que surgiram até o momento. "(O governador) terá oportunidade, por sua própria iniciativa, de estar na CPI para prestar todos os esclarecimentos. Inclusive a esse pagamento e a outros que venham a surgir. O homem público é isso, ele tem que estar sempre à disposição", ressaltou o senador.
Apesar de sair em defesa do correligionário, Aécio, questionado sobre um possível constrangimento ao partido pelas acusações contra Perillo, assumiu que "não é agradável para ninguém quando vê um companheiro seu sofrendo esse tipo de ataque". Mas pediu serenidade e declarou que o goiano merece "crédito" e um "voto de confiança até pela trajetória" que ele tem na legenda. "Vamos dar ao governador Marconi o direito que qualquer cidadão tem de se explicar. Vamos aguardar que ele preste todos os esclarecimentos", afirmou.
O mineiro também defendeu a celeridade dos trabalhos da CPI para evitar que as investigações se tornem "um instrumento de briga política" com a proximidade das eleições municipais, em outubro. "(A CPI) não pode se resumir em uma briga entre base do governo versus oposição. Ela, para atingir os seus objetivos, tem que investigar todas as relações do contraventor Cachoeira no setor público em todos os níveis, federal, estaduais e municipais, e também com o setor privado, sem preocupação regional, nacional", disse. "É isso que esperamos e vamos estar vigilantes para denunciar qualquer tentativa de resumi-la em uma briga entre a maioria governista versus a minoria da oposição", completou o tucano.
Sobre a situação do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), flagrado pela Polícia Federal (PF) em várias conversas telefônicas com o contraventor, Aécio avaliou que as denúncias são "extremamente graves e constrangem muito o Senado Federal". O mineiro não quis antecipar se é a favor da cassação do mandato do colega, investigado pela Comissão de Ética da Casa, mas se disse a favor do voto aberto na questão para que cada parlamentar possa "se manifestar" sobre o caso. "Obviamente tenho que respeitar o tempo normal e não cabe a mim antecipar isso, mas vocês, em um momento certo, saberão claramente o meu voto", concluiu.