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Aécio cogita faltar à convenção nacional do PSDB

Senador é alvo de denúncias de corrupção e avalia sua participação no encontro da sigla que acontecerá no próximo sábado

Aécio Neves: na condição de presidente licenciado da legenda, ele fez um discurso incisivo na última reunião da atual Direção Executiva do PSDB (Ueslei Marcelino/Reuters/Reuters)

Aécio Neves: na condição de presidente licenciado da legenda, ele fez um discurso incisivo na última reunião da atual Direção Executiva do PSDB (Ueslei Marcelino/Reuters/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de dezembro de 2017 às 09h14.

Brasília - O senador Aécio Neves (MG) se despediu nesta quarta-feira, 6, da presidência do PSDB sem ainda ter decidido se vai à convenção da sigla neste sábado, 9, em Brasília.

Na condição de presidente licenciado da legenda, ele fez um discurso incisivo na última reunião da atual Direção Executiva do PSDB.

Em uma fala que durou cerca de 20 minutos, ele se defendeu das denúncia da Procuradoria-Geral da República, cobrou "clareza" nas posições políticas da sigla, exaltou sua gestão à frente do partido e afirmou que foi inicialmente contra a ocupação de cargos no governo Michel Temer.

"Me incomoda pessoalmente algumas avaliações superficiais, eu diria até primárias, de quem não tem o menor conhecimento do PSDB", disse Aécio.

Segundo relatos de participantes, o senador lembrou que as reformas trabalhista e da Previdência foram "condições" do partido para apoiar o governo.

"Não há espaço para concessões. Defendo posição fechada. Pior do que a reforma ser aprovada sem os votos do PSDB, é ela não ser aprovada por falta dos votos do PSDB", disse.

Sobre as denúncias, ele voltou a dizer que os recursos repassados pela JBS para a campanha presidencial foram de doações a diretórios regionais e candidatos estaduais e que o pedido de R$ 2 milhões a Joesley Batista foi empréstimo pessoal.

Após ser gravado pedindo o montante ao empresário, dono do Grupo J&F, o senador foi denunciado pela PGR por corrupção passiva e obstrução da Justiça.

Aécio também é alvo de outras oito investigações na Corte por suspeitas levantadas em delações da Odebrecht, do senador cassado Delcídio Amaral e do lobista Fernando Moura.

No fim da reunião, Aécio distribuiu aos presentes um "balanço de gestão" de sua presidência. No documento de nove páginas, o senador rebateu as críticas de que o PSDB estaria fragilizado por causa das suas divisões internas.

"Apenas a superficialidade das análises feitas por quem não acompanha a construção do PSDB, ou não reconhece sua importância, pode enxergar nele um partido fragilizado e sem perspectivas, como tentaram propagar", disse o senador.

Nos bastidores, a cúpula tucana negocia com as correntes do partido qual será a participação de aliados de Aécio na nova Executiva tucana.

Apesar da resistência da ala dos "cabeças pretas", que fazem oposição a Temer, o senador mineiro deve emplacar correligionários em postos-chave da Executiva. Entre eles estão o deputado Marcus Pestana (MG) e o senador Antonio Anastasia (MG).

Pestana garantiu que Aécio vai votar na convenção, mas a assessoria do senador informou que a decisão ainda não está tomada. Em grupos de WhatsApp, militantes do PSDB ameaçam vaiar Aécio se ele decidir discursar.

"Esdrúxulo"

Pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, avisou que participará da convenção nacional tucana, neste sábado, em Brasília.

Ele quer falar ao microfone logo depois (ou antes) do governador Geraldo Alckmin, também presidenciável e que deve ser aclamado presidente do PSDB no evento.

À reportagem, Virgílio disse que fará um discurso "forte" na convenção: vai exigir prévias com a participação de todos os filiados para escolher o tucano que representará o PSDB na disputa presidencial e vai criticar o fato de Alckmin acumular o comando partidário com a condição de pré-candidato. "Isso é esdrúxulo", afirmou.

Sobre a pressão para que desista em nome de Alckmin, Virgílio foi categórico ao dizer que não abandonará seu projeto de disputar a eleição.

"Não podemos deixar que supostos cardeais decidam. Vou até o fim nas prévias. Seria constrangedor se FHC ligasse pedindo para eu desistir." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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