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Advogado pede anulação de reembolso de R$ 157 mil por dentes de Feliciano

Douglas Valente alegou que o reembolso da Câmara seria "imoral" e desvio de finalidade, porque o tratamento odontológico do deputado teria sido estético

Pastor Marco Feliciano: deputado pediu reembolso alegando tratamento odontológico contra bruxismo severo (Vinícius Loures/Câmara dos Deputados/Agência Câmara)

Pastor Marco Feliciano: deputado pediu reembolso alegando tratamento odontológico contra bruxismo severo (Vinícius Loures/Câmara dos Deputados/Agência Câmara)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de novembro de 2019 às 17h53.

Última atualização em 7 de novembro de 2019 às 17h57.

São Paulo e Brasília — O advogado mineiro Douglas Henrique Valente pediu à Justiça que anule o reembolso de R$ 157 mil pagos pela Câmara dos Deputados ao deputado Pastor Marco Feliciano (Podemos-SP) por causa de um tratamento odontológico. No ultimo dia 31 de outubro, Valente ajuizou uma ação civil pública alegando que o reembolso seria "imoral" e configuraria desvio de finalidade uma vez que o tratamento do deputado seria, na verdade, estético.

A ação foi apresentada à Vara Federal de Ituiutaba em fase da mesa Diretora da Câmara - representada pelo presidente, Rodrigo Maia - o deputado Pastor Marco Feliciano, a União e a própria Casa Legislativa.

Além da anulação do ressarcimento dos R$ 157 mil, o advogado pede que a Justiça impeça o segundo vice-presidente e a Mesa Diretora da Câmara de autorizarem reembolsos por possíveis novos tratamentos odontológicos do deputado Feliciano.

Como divulgado pelo Estado, em agosto, o deputado argumentou à Câmara que precisava corrigir um problema de articulação na mandíbula e reconstruir o sorriso com coroas e implantes na boca. Feliciano disse que sofria de dores crônicas relacionadas ao bruxismo.

O pedido de reembolso do parlamentar foi apresentado em abril à área de perícia da Casa Legislativa, mas foi rejeitado pela equipe técnica. Na avaliação do setor, havia uma incompatibilidade entre os valores apresentados e os preestabelecidos pela Casa, além de problemas na descrição de parte dos procedimentos.

Com um laudo de seu dentista, Feliciano recorreu da decisão. A Mesa Diretora, formada por sete parlamentares, acabou aprovando o gasto.

Na avaliação de Valente, o reembolso seria "cristalinamente imoral e ilegal" uma vez que se trataria de um tratamento estético. Em tais casos, o ressarcimento é vedado por um ato da Mesa Diretora publicado em 2013.

O advogado pede que a Câmara informe sobre a justificativa e os pareceres que embasaram a decisão que aprovou o reembolso, juntando aos autos todos os documentos emitidos pela equipe técnica da Casa inerentes ao procedimento.

Desde junho, o Estado pediu, via Lei de Acesso, detalhes do tratamento, mas todas as solicitações foram negadas.

Defesas

Em nota, o Pastor Marco Feliciano afirmou: "A ação ajuizada contra mim pelo vereador do PTB Douglas Henrique Valente é uma aventura jurídica, e certamente acarretará sua condenação por litigância de má-fé. A ação escandalosamente se baseia em uma falsa reportagem do 'O Sensacionalista' - conhecido noticiário satírico -, como 'prova' de que o tratamento médico-odontológico para bruxismo severo pelo qual eu passei seria de natureza estética. O autor, de maneira criminosa, usa o Poder Judiciário com fins políticos, usando de uma fakenews para produzir outra fakenews. Repito aqui que não me intimidarei e continuarei a combater a esquerda e defender o governo Bolsonaro. Tenho certeza absoluta da minha inocência e confio na Justiça."

A reportagem busca contato com a assessoria da Câmara dos Deputados e com a assessoria do presidente da Casa, Rodrigo Maia. O espaço está aberto para manifestações.

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