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Advogado diz que gráfica prestou serviço à campanha Dilma-Temer

A gráfica é uma das empresas investigadas por supostas irregularidades durante a campanha eleitoral de 2014

Temer e Dilma: Cortegoso e outras três testemunhas foram ouvidas hoje pelo ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) (foto/Agência Brasil)

Temer e Dilma: Cortegoso e outras três testemunhas foram ouvidas hoje pelo ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) (foto/Agência Brasil)

AB

Agência Brasil

Publicado em 20 de fevereiro de 2017 às 19h27.

O proprietário da gráfica Focal, o empresário Carlos Roberto Cortegoso, testemunha ligada às gráficas que prestaram serviços à campanha de 2014 da chapa Dilma Rousseff e Michel Temer, foi o último a ser ouvido hoje (20) na sede do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), em São Paulo.

A gráfica é uma das empresas investigadas por supostas irregularidades durante a campanha eleitoral. Cortegoso saiu por volta das 16h15, sem falar com a imprensa.

Cortegoso e outras três testemunhas foram ouvidas hoje pelo ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Herman Benjamin, relator da ação que pede a cassação da chapa Dilma e Temer.

Os depoimentos estão sendo transmitidos por videoconferência para o ministro em Brasília.

Na saída do local, o advogado Marcio Antonio Donizete Decreci, que defende Cortegoso, disse que os depoimentos são sigilosos e evitou dar muitos detalhes sobre o que foi dito hoje.

"Isso corre sob sigilo e só estou acompanhando", disse. "Carlos esclareceu todos os pontos do trabalho que ele desenvolveu na campanha, em relação ao trabalho da Focal e os serviços realizados", disse.

"Ele prestou o serviço, isso eu posso dizer", ressaltou.

Outros depoimentos

Além de Cortegoso, mais três pessoas foram ouvidas hoje: duas como investigadas, os empresários Rodrigo Zanardo e Rogério Zanardo, da Rede Seg Gráfica, e o ex-motorista de Cortegoso, Jonathan Gomes Bastos, como testemunha.

Em seu depoimento, o ex-motorista, que já havia prestado depoimento no dia 8, disse que foi usado como laranja sem seu conhecimento.

Ele contou que está movendo um processo contra a gráfica, onde trabalhou por 13 anos.

"Minha vida mudou muito, hoje tenho o nome sujo, estou desempregado. Usaram meu nome em três empresas citadas na Lava Jato [Focal Point, Redeseg e VTPB]. Fui um laranja".

O motorista disse ainda que está com dificuldades para conseguir emprego. "Só preciso voltar a trabalhar. O que vai acontecer com eles não me importa, porque eles são 'peixe grande', tudo bandido e com eles não vai acontecer nada".

Sobre o depoimento do ex-motorista, o advogado de Cortegoso preferiu não fazer comentários. "Isso é uma questão que está toda no processo e, nesse momento, não quero me manifestar sobre isso".

Advogados

Os advogados do presidente da República, Michel Temer, e da ex-presidente Dilma Rousseff acompanharam os depoimentos de hoje na sede do TRE.

Na saída, Gustavo Guedes, o defensor do presidente, disse que esta "foi mais uma audiência extenuante" e que as testemunhas ouvidas hoje, desde as 10h, "em nada contribuem com o objeto desse processo".

Segundo Guedes, o testemunho do ex-motorista é estranho ao processo.

"A relação societária que ele tinha com o senhor Carlos Cortegoso é uma situação estranha a esse processo. O Brasil não pode seguir com esse processo tão importante para esse país por conta de uma relação societária de uma gráfica ou de uma empresa que forneceu para a campanha. Na nossa avaliação, esse é um tema que deve ser tratado na esfera criminal e tributária para ver se isso realmente houve, mas o processo dessa natureza, dessa importância, não pode seguir tão somente por conta de uma razão societária, de empresas que forneceram para a campanha".

Guedes disse que as provas no processo comprovam que as gráficas forneceram material de campanha.

"[As testemunhas] confirmaram que todo o serviço foi prestado, nos volumes que foram cobrados. Se não houve a contraprestação devida, embora as provas do processo indicam que houve, isso deve incitar outra investigação para apurar porque isso não ocorreu".

Segundo o advogado de Temer, não houve irregularidades na campanha.

"Em princípio não teve nenhuma irregularidade. No ponto de vista formal da campanha, ela pagou as notas fiscais que foram entregues a ela. Se faltou algum tipo de material ou contraprestação, isso deve ser apurado em outro processo".

Já Flávio Caetano, advogado de Dilma, disse que o "processo está caminhando para o seu final".

"Estamos na fase de prova de perícia contábil. As testemunhas que são ouvidas agora tem relação direta com a perícia contábil e hoje foram ouvidas duas empresas, a Rede Seg e a Focal. Da Rede Seg foram ouvidas duas testemunhas que trouxeram documentos que não existiam ainda no processo e que comprovam, cabalmente, a realização integral de tudo o que foi contratado. A empresa recebeu R$ 6 milhões da campanha de Dilma e Temer", falou.

"A segunda testemunha, o senhor Carlos Cortegoso, da empresa Focal, também veio esclarecer como a empresa trabalhou tanto com a parte gráfica quanto com a parte de eventos, comícios e palanques e porque ele recebeu R$ 24 milhões", disse o advogado de Dilma.

De acordo com o advogado de Dilma, o testemunho do ex-motorista causa estranheza ao processo.

"A empresa que participou da campanha foi a Focal e havia um relacionamento societário dele [do motorista] com o Cortegoso em uma empresa chamada Focal Point, que não trabalhou para a campanha de Dilma e Temer. Portanto, são questões laterais que devem ser tratadas em outros processos, jamais na Justiça Eleitoral".

Mais uma testemunha ainda deverá ser ouvida pelo ministro por meio de videoconferência. Segundo Flávio Caetano, trata-se de uma testemunha de Minas Gerais, de uma terceira gráfica que prestou serviços para a campanha, a VTPB.

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