Adriano: "Foi má fé dela em fazer a acusação. Eu até tirei a camisa, enrolei a mão ferida e a ajudei a ser colocada em outro carro para que fosse levada ao hospital" (Alexandre Battibugli/Placar)
Da Redação
Publicado em 7 de agosto de 2012 às 19h51.
Rio de Janeiro - Depois de dois dias e meio de silêncio, o atacante Adriano veio a público na noite desta segunda-feira para negar que tenha dado o tiro acidental em Adriene Cirylo Pinto, na madrugada do último sábado, à saída de uma boate na zona oeste do Rio. A jovem de 20 anos foi atingida na mão esquerda quando estava dentro do carro do jogador do Corinthians e o acusa de ter sido o responsável pelo disparo.
No momento do tiro acidental, havia seis pessoas no carro: a vítima, o jogador, outras três mulheres e o tenente da reserva da PM Julio Cesar Barros de Oliveira - este último é o dono da arma. "Quando acontecem as coisas com Adriano, aumentam muito. Quero olhar nos olhos dela e perguntar se eu fui o autor do disparo", disse o atacante do Corinthians, durante a sua primeira entrevista sobre o caso, nesta segunda-feira, antes de prestar depoimento na 16ª Delegacia de Polícia, na Barra da Tijuca, no Rio.
Adriano parecia constrangido com o mal-estar e disse acreditar que o fato não vai afetar sua permanência no Corinthians. "Eu garanto que eu vou continuar", avisou o atacante. Ao ser indagado sobre a irritação de dirigentes do clube com a repercussão do escândalo, ele tentou demonstrar serenidade. "Até agora estou muito tranquilo", afirmou. Diante da insistência sobre a possibilidade de rescisão de seu contrato, declarou que conta com o apoio da diretoria corintiana. "Conversei com o presidente, está tudo bem."
Na entrevista, pouco antes do depoimento ao delegado titular da 16ª DP, Fernando Reis, Adriano disse que estava no carro com o tenente e duas amigas, quando um conhecido pediu que eles dessem carona a outras duas mulheres - uma delas seria Adriene. "Nunca tinha conversado com ela, só a tinha visto dançando num camarote", contou o jogador, referindo-se à boate Barra Music, onde o grupo se reuniu. "Foi má fé dela em fazer a acusação. Eu até tirei a camisa, enrolei a mão ferida e a ajudei a ser colocada em outro carro para que fosse levada ao hospital."
Adriano reforçou que estava no banco do carona, ao lado do motorista (o tenente da reserva Julio Cesar Barros de Oliveira), no instante em que houve o disparo. Com exceção da vítima, todos os outros ocupantes do carro confirmam essa versão do jogador, sendo que a perícia feita pela Polícia Civil já concluiu que o tiro foi dado por alguém que ocupava o banco de trás do veículo.
De acordo com o delegado, acareações entre Adriene e os envolvidos no caso, principalmente Adriano, devem ser feitas na quarta-feira. Ele recebeu informações de que a jovem baleada, que deve ter alta do hospital nesta terça, tem histórico recente de "vítima" em três outras ocorrências - relacionadas à ameaça, lesão corporal e ao crime conhecido como o da saidinha de banco. "Isso é um dado importante para as investigações, mas não é determinante. Não podemos partir do princípio de que ela esteja mentindo. Mas alguém está", declarou Fernando Reis.
O delegado esclareceu que se a versão de Adriene for verdadeira, o jogador do Corinthians responderá por crime de lesão corporal (3 meses a 1 ano de detenção) e também de fraude processual (6 meses a 4 anos) - delito que seria extensivo às demais pessoas que ocupavam o carro. Por outro lado, se for comprovada que a mentira partiu da vítima do tiro acidental, ela será denunciada por crime de denunciação caluniosa, que prevê pena de reclusão de 2 a 8 anos.
Acompanhado de seu advogado, Ivan Santiago, Adriano foi enfático ao dizer que não vai pagar as despesas médicas de Adriene, que deverá passar por cirurgia nesta terça-feira, no Hospital Barra D'or, para reparar o dedo atingido pela bala. "Antes, eu pensava em arcar com os custos. Agora, depois de tanta mentira dela, não vou pagar mais nada", disse o jogador.