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Adiamento da votação da "PEC da Blindagem" é considerada derrota para Lira

Aliados de Lira avaliam que o melhor momento para votar a PEC era nesta semana, por causa da repercussão negativa junto à opinião pública

Medida foi apelidada de PEC da "impunidade" (Luis Macedo/Agência Câmara)

Medida foi apelidada de PEC da "impunidade" (Luis Macedo/Agência Câmara)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 26 de fevereiro de 2021 às 08h09.

O adiamento para esta sexta-feira, 26, da votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) da blindagem parlamentar foi considerado uma derrota do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL). Aliados de Lira avaliam que o melhor momento para votar a PEC era nesta semana, por causa da repercussão negativa junto à opinião pública em priorizar uma pauta de autoproteção que vem sendo apelidada de PEC da "impunidade".

Após um dia inteiro de discussões no plenário e de obstruções, o grupo do Centrão, aliado de Lira, não conseguiu apresentar um texto de consenso, nem negociar acordos com a oposição. PT, Rede Novo, Podemos e Cidadania foram as legendas que mais trabalharam contra a votação da "PEC da Blindagem" às pressas.

Lira abandonou a condução da votação ainda durante a tarde e deixou o vice-presidente Marcelo Ramos (PL-AM) na Mesa. Nos bastidores, deputados apontaram a ausência de Lira e falta de diálogo sobre a redação final da PEC levada ao plenário como causas para a obstrução.

Alguns partidos ainda desejam alterar a versão e propõem emendas. O PT quer retirar a previsão de que somente o Conselho de Ética da Câmara e do Senado sejam responsáveis por punir infrações disciplinares cometidas por manifestações dos congressistas. A bancada, porém, rejeitou a proposta de que esse trecho fosse retirado para que as demais mudanças que dificultam a prisão de parlamentares fossem votadas na íntegra.

A bancada do Partido Novo comemorou a postergação. "Ganhamos por um dia", celebrou Marcel Van Hattem (RS). O partido vai apresentar um destaque que retira da PEC um artigo que veda o afastamento de parlamentares do mandado por ordem da Justiça, sem que haja a cassação decidida no Legislativo.

Com quórum de 350 deputados, Ramos optou por adiar a votação do primeiro turno da PEC, que precisa de 308 votos para ser aprovada. As discussões anteriores sobre o texto, com tentativas de retirada de pauta e outros requerimentos, tiveram no máximo 319 votos a favor do grupo que defende a PEC. Por isso, os líderes entenderam que havia riscos à aprovação.

"Os líderes começaram a ficar inseguros, pelo horário, no meio do jogo do Flamengo. Seria (votado) na marra e não conseguiríamos terminar tudo. Teríamos que nos desgastar para votar o primeiro turno e amanhã (hoje, sexta-feira) ter que votar os destaques de qualquer jeito e o segundo turno. Amanhã vou sentar na Mesa e só levanto quando acabar", disse Ramos. Ele afirmou que não há mais espaço para negociar mudanças no substitutivo da relatora, Margarete Coelho (Progressistas-PI).

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