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Adega de vinhos foi usada para superfaturar respiradores no AM, diz MPF

Segundo a investigação, uma fornecedora vendeu os equipamentos por R$2,4 mi à adega, que revendeu ao Estado por R$ 2,9 mi, com sobrepreço de R$ 496 mil

Wilson Lima: governador do Amazonas é alvo de operação da PF sobre desvios na Saúde (Sandro Pereira/Estadão Conteúdo)

Wilson Lima: governador do Amazonas é alvo de operação da PF sobre desvios na Saúde (Sandro Pereira/Estadão Conteúdo)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de junho de 2020 às 15h32.

Última atualização em 30 de junho de 2020 às 19h31.

Um dos contratos suspeitos identificados na investigação sobre suposto esquema de desvio de recursos públicos destinados ao enfrentamento da pandemia de covid-19 no Amazonas envolveu uma importadora de vinhos. A empresa teria sido usada para revender respiradores superfaturados ao governo do Estado.

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), uma fornecedora de equipamentos de saúde, que já havia firmado contratos com o Executivo do Amazonas, vendeu os ventiladores à adega por R$ 2,480 milhões. No mesmo dia, a casa de vinhos revendeu os equipamentos ao Estado por R$ 2,976 milhões, ou seja com sobrepreço de R$ 496 mil.

Após receber valores milionários em sua conta, a adega repassou o montante integralmente à organização de saúde, segundo o MPF.

Além disso, respiradores teriam sido adquiridos por valor superior ao maior preço praticado no País durante a pandemia, com diferença de 133%.

Os detalhes da investigação foram tornados públicos nesta terça, 30, quando MPF e Polícia Federal deflagraram a Operação Sangria para cumprir 20 mandados de busca e apreensão e outros oito de prisão. Os agentes vasculham a casa do governador, Wilson Lima (PSC), apontado como 'comandante' do esquema, e a sede do governo. A Secretária de Saúde, Simone Papaiz, foi presa na ação.

As medidas cumpridas hoje foram determinadas pelo ministro Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), e incluem ainda o bloqueio de bens no valor R$ 2,976 milhões, de 13 pessoas físicas e jurídicas.

A investigação do MPF e da PF, em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU) e Receita Federal, apura a atuação de uma "organização criminosa" que estaria desviando recursos públicos destinados ao combate do novo coronavírus. O Amazonas recebeu cerca de R$ 80 milhões repassados pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS) para o enfrentamento da doença.

Segundo os investigadores, além de compras superfaturadas de respiradores, foram identificados direcionamento na contratação de empresa, lavagem de dinheiro e montagem de processos para encobrir os crimes praticados "com a participação direta do governador", de outros agentes públicos e de empresários.

Há suspeita dos crimes de peculato, delitos da lei de licitações organização criminosa, lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro.

Com a palavra, o governo do Amazonas

"O Governo do Amazonas informa que aguarda o desenrolar e informações mais detalhadas da operação que a Polícia Federal realiza em Manaus para, posteriormente, se pronunciar sobre a ação. Informa, ainda, que o governador Wilson Lima, que estava em Brasília para cumprir agenda de trabalho, está retornando para Manaus."

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