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Acusados de planejar sequestro de Moraes prestam depoimento sobre trama golpista nesta segunda-feira

Grupo é formado majoritariamente por kids pretos e teria pressionado o Alto Comando do Exército a aderir à tentativa de ruptura institucional

Agência o Globo
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Publicado em 28 de julho de 2025 às 07h17.

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A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) começa a ouvir hoje os réus do núcleo 3 do suposto plano golpista que está sendo julgado pela Corte. Fazem parte desse grupo nove militares e um policial federal acusados de tentar viabilizar uma ruptura institucional para manter Jair Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições de 2022.

Segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), esse núcleo formado majoritariamente pelos chamados “kids pretos”, força de elite do Exército, planejou o sequestro do ministro Alexandre de Moraes, do STF, e pressionou o Alto Comando da corporação a aderir à trama golpista.

Entre os réus que serão ouvidos nesta segunda-feira está o general da reserva Estevam Theophilo, que era comandante do Comando de Operações Terrestres (Coter). De acordo com a a denúncia, ele “aceitou coordenar o emprego das forças terrestres conforme as diretrizes do grupo”.

Além dele, prestarão depoimento os militares Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo. Segundo a PGR, eles “lideraram ações de campo voltadas ao monitoramento e neutralização de autoridades públicas”. Seriam os responsáveis pelo plano intitulado de “Copa 2022”, de vigilância do ministro do STF.

Outros cinco militares foram acusados de promover “ações táticas para convencer e pressionar o Alto Comando do Exército a ultimar o golpe”, de acordo com a denúncia. Eles também prestarão depoimento.

Infiltrado

Único não militar que integra o núcleo, o policial federal Wladimir Soares chegou a atuar na segurança do então presidente eleito Lula durante a transição e teria se colocado à disposição para executar o plano golpista.

As defesas dos réus negam as irregularidades e dizem que eles não participaram nem planejaram nenhum plano golpista.

A ação penal que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus se refere ao chamado núcleo 1 da trama golpista. Nesse processo, já foram concluídos os interrogatórios dos réus e das testemunhas e está na fase de alegações finais. A expectativa é que o julgamento deste grupo — o mais avançado até agora — seja realizado até setembro.

Na semana passada terminou a fase de depoimentos de todas as testemunhas dos quatro grupos da trama golpista. Na última quinta, a Primeira Turma colheu o depoimento dos réus dos núcleos 2, o “operacional”, e 4, da “desinformação”. Na ocasião, o general da reserva Mario Fernandes admitiu ser o autor do plano “Punhal Verde e Amarelo” — texto que, segundo a Polícia Federal, traçava cenários para o assassinato do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e de Moraes.

Durante a audiência, conduzida por um juiz instrutor designado por Moraes, o militar minimizou o conteúdo, dizendo que tratava de uma análise individual, feita por hábito pessoal. Na sexta, a defesa de Fernandes afirmou ao Supremo que o general “não confessou o plano de matar ninguém” e que os depoimentos comprovaram que o plano “Punhal Verde e Amarelo” não foi enviado a ninguém.

Ainda há um quinto núcleo formado apenas pelo jornalista Paulo Figueiredo. Ele é acusado pela PGR de vazar documentos com intuito de pressionar o Alto Comando do Exército a aderir ao golpe. A denúncia contra ele, no entanto, ainda não foi apreciada na Primeira Turma. Ele mora nos Estados Unidos e não respondeu à citação nem apresentou advogado para defendê-lo.

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