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Acusação é fruto de "combinação", diz Negromonte

O ex-deputado e ex-ministro disse que as acusações contra ele feitas em delação são frutos de uma "combinação


	Mario Negromonte: "isso é uma combinação dele com o chefe dele. O Ministério Público já devia ter identificado isso"
 (Elza Fiúza/ABr)

Mario Negromonte: "isso é uma combinação dele com o chefe dele. O Ministério Público já devia ter identificado isso" (Elza Fiúza/ABr)

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Da Redação

Publicado em 4 de janeiro de 2016 às 18h59.

Brasília - Hoje conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia, o ex-deputado e ex-ministro Mário Negromonte (Cidades/Governo Dilma) disse que as acusações contra ele feitas em delação premiada pelo doleiro Alberto Youssef e seu entregador de dinheiro, Carlos Alexandre Souza, o Ceará, são frutos de uma "combinação" entre chefe e subordinado para prejudicá-lo.

"Isso é uma combinação dele com o chefe dele. O Ministério Público já devia ter identificado isso", disse ele ao jornal "O Estado de S. Paulo", por telefone.

À Procuradoria-Geral da República, Ceará afirmou que entregou, por diversas vezes, dinheiro em espécie a Negromonte, a mando de Youssef. Os valores teriam sido entregues em apartamento funcional em Brasília, na presença de outros deputados. O delator afirmou ainda que Youssef lhe contou que, na campanha de 2010, repassou R$ 5 milhões a Negromonte.

"Isso é um absurdo", rechaça o ex-deputado. "Trata-se de um criminoso querendo se livrar dos crimes acusando sem prova material", disse. Segundo Negromonte, Youssef estaria agindo dessa forma porque teve seus interesses contrariados. "Ele mesmo disse que quando eu era ministro não atendi ele", disse.

Na delação, Ceará afirma que Negromonte perdeu o cargo de ministro das Cidades no governo Dilma Rousseff, em 2012, porque não estava destinando dinheiro de propinas para o partido, mas para o próprio bolso. "Não estava 'fazendo caixa' para o Partido Progressista, uma vez que estaria 'roubando apenas para ele próprio'", declarou Ceará.

Negromonte afirma que as delações de Youssef e Ceará possuem contradições "que serão provadas na Justiça", como ocorreu no trecho que citam o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Em depoimento à PGR, Youssef contradisse o ex-funcionário ao negar que conhecia o senador e ao afirmar que nunca conversou com Ceará sobre entrega de valores ao senador do Rede.

"Agora mesmo o próprio Alberto Yousseff desmentiu ele (Ceará). Disse que não era verdade o que ele disse sobre o senador Randolfe. Se o chefe dele desmente ele sobre um assunto, esse assunto vale e o outro não vale? É como Lula disse: doação das empresas da Lava Jato para os partidos da base aliada é sujo, e de oposição é limpo. Não tem sentido", disse. "É um jogo farsante que eles estão fazendo entre eles para um falar e convalidar o que o outro está falando para comprometer pessoas que eles estão vendo que não têm nada", completou.

O ex-deputado confirma que conheceu Youssef por intermédio do ex-deputado Pedro Correa (PP/PE), num encontro em que estavam diversos outros parlamentares do PP, mas nega o recebimento de dinheiro. "Parou aí. Não tive mais contato. Zero. O partido teve azar de Janene trazer um cara desse para dentro do partido", disse, em referência ao ex-deputado José Janene (PP/PR), apontado como mentor do esquema Lava Jato na Petrobras e morto em 2010.

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