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Acre transfere pacientes com covid-19 para a capital Rio Branco

Estado decretou situação de calamidade pública e cidades do interior têm toque de recolher

Acre: com sete confirmados e doze suspeitos, situação de profissionais de saúde também preocupa no estado (Foto/AFP)

Acre: com sete confirmados e doze suspeitos, situação de profissionais de saúde também preocupa no estado (Foto/AFP)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de abril de 2020 às 12h45.

Última atualização em 24 de abril de 2020 às 13h15.

Diante do avanço do novo coronavírus, o governo do Acre decretou situação de calamidade pública e municípios do interior do Estado já têm toque de recolher. A medida de calamidade foi determinada em edição extra do Diário Oficial nesta quinta-feira 23, pelo governador Gladson Cameli (PP).

O sistema de saúde pública da capital do Acre, Rio Branco, já vem operando praticamente no limite. Na quarta, 22, apenas um dos dez leitos de UTI estava vago. No total, o Estado possui 77 leitos de UTI. Destes, 56 estão ocupados.

De acordo com o último boletim da Secretaria de Estado de Saúde, o Acre tem 214 casos confirmados da covid-19. Rio Branco concentra a maior parte, 172 casos. Outros 289 estão em análise. Dez pessoas morreram pela covid-19 desde o início da pandemia no Estado. As duas últimas mortes foram registradas nesta quinta-feira, 23, em Rio Branco: um homem de 68 anos e uma mulher de 79.

No interior, a situação mais grave é registrada em Plácido de Castro, município que faz fronteira com a Bolívia. São 21 casos confirmados. Os pacientes mais graves do município são transferidos para a capital, distante 95 quilômetros.

 

Na segunda maior cidade do Acre, Cruzeiro do Sul, há cinco casos confirmados. No Hospital do Juruá, a unidade de referência do Vale do Rio Juruá (extremo oeste do Estado e do país), há apenas dois leitos de UTI disponíveis para atendimento a pacientes com a covid-19. Na região, que envolve outros cinco municípios (incluindo um do Amazonas), vivem aproximadamente 200 mil pessoas.

Toque de recolher

Em cidades como Acrelândia, Tarauacá e Plácido de Castro, as prefeituras estabeleceram o toque de recolher. Ninguém pode andar nas ruas entre oito da noite e cinco da manhã. "Para cada caso confirmado pode haver pelo menos três não diagnosticados. Aqui no Acre certamente há entre 600 e 800 pessoas infectadas", estima o infectologista Thor Dantas. "Para cada 10, dois vão precisar ir para o hospital e para cada 40, dois podem precisar de UTI."

A situação entre os profissionais de saúde também preocupa. Em Rio Branco, sete profissionais tiveram diagnóstico confirmado para o novo coronavírus. Doze estão com suspeita de estarem doentes.

"A situação é grave para os cerca de 500 profissionais da linha de frente aqui na capital", diz o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Acre, Adaílton Cruz. "Até o diretor do Samu testou positivo para a doença."

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