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Ações de Doria para acabar com Cracolândia são adiadas

Ações foram colocadas em espera por causa do entrincheiramento de traficantes e usuários de droga na região

Cracolândia: as medidas devem acontecer só depois de uma ação policial mais efetiva para desarmar a área (Rovena Rosa/Agência Brasil)

Cracolândia: as medidas devem acontecer só depois de uma ação policial mais efetiva para desarmar a área (Rovena Rosa/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de maio de 2017 às 14h59.

São Paulo - As ações planejadas pela gestão João Doria para "acabar" com a Cracolândia foram colocadas em compasso de espera por causa do entrincheiramento de traficantes e usuários de droga na região. A avaliação agora é de que as medidas devem acontecer só depois de uma ação policial mais efetiva para desarmar a área.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo apurou, o prefeito inicialmente queria um "Dia D" para marcar o início da ação. Ela consistiria em um grande cadastro de todos os dependentes químicos da área, que seria feito por uma equipe tríplice, contando com um agente da área de direitos humanos, um da assistência social e um terceiro da saúde.

Esse cadastro serviria para encaixar os pacientes em 17 tipos de atendimentos médicos diferentes, todos traçados pela Secretaria Municipal de Saúde, de acordo com as necessidades de cada paciente - de um simples acompanhamento até a internação compulsória.

Entretanto, após uma melhor avaliação técnica, e depois também de conversar com o Ministério Público Estadual, a Prefeitura desistiu da ideia de um grande dia para o início das operações. E preferiu determinar um período mais elástico para realizar o cadastro.

Agora, o plano ainda é lançar esse pacote de ações individualizadas. Mas o entendimento é de que haverá possibilidade de início somente quando o cenário de violência recuar.

Polícia

Os agentes de campo das secretarias que lidam com os frequentadores do "fluxo" da Cracolândia vêm relatando uma relação muito mais tensa desde o fim do ano passado. "Todos os acordos que temos com os traficantes estão sendo rompidos", diz uma pessoa que lida com a área.

Com a presença da facção Primeiro Comando da Capital (PCC), a ruptura se acelerou após o dia 23 de fevereiro, quando uma abordagem policial havia resultado em outro dos grandes confrontos naquele quadrilátero do centro.

Naquele dia, pessoas tentaram invadir a base do Corpo de Bombeiros da Alameda Barão de Piracicaba para evitar uma prisão. Foi um confronto violento - dois fotógrafos foram atingidos com balas reais, vindas de disparos feitos no "fluxo".

Durante o confronto, uma das bombas da Polícia Militar atingiu o interior da tenda que a Prefeitura mantém na área. O lugar era tido como zona neutra nos dias de conflito.

"Na manhã seguinte, as pessoas da saúde que estavam ali foram colocadas em uma parede e enquadradas pelos traficante. 'Se acontecer isso aqui de novo, vocês não voltam aqui.' E o clima continuou tenso", relata uma das pessoas da área.

Na quarta-feira, o confronto foi ainda mais intenso. Já por precaução, e diante do aviso anterior, os profissionais de saúde e da assistência social não foram para a região. Pelo WhatsApp, relataram uma presença ainda maior de armas em circulação.As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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