Salles foi condenado por improbidade administrativa por favorecer empresas de mineração quando era secretário de Alckmin (Jales Valquer/Folhapress)
Estadão Conteúdo
Publicado em 29 de dezembro de 2018 às 11h55.
Última atualização em 29 de dezembro de 2018 às 11h55.
- Indignado com ações populares que o questionam e querem barrar sua indicação para o cargo de ministro do Meio Ambiente do governo Bolsonaro, o advogado Ricardo Salles disse nesta sexta-feira, 28, que é alvo de "aventuras jurídicas".
Condenado por improbidade administrativa pela 3ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo por supostamente favorecer empresas de mineração quando ainda era secretário de Meio Ambiente de Geraldo Alckmin (PSDB), Salles é alvo de uma ação popular movida pelo advogado Ricardo Nacle e outras duas apresentadas pelo empresário Gustavo Oliveira de Achilles e o engenheiro Luiz Eduardo Auricchio Bottura.
As ações miram barrar a nomeação de Salles ao ministério devido à condenação, que determinou a suspensão de seus direitos políticos por três anos.
"Até onde eu sei, as ações foram indeferidas. Claramente são aventuras jurídicas", afirmou Salles. As três ações populares ainda não foram julgadas no mérito. "Em relação ao Eduardo Bottura, é o maior litigante profissional do Brasil cuja credibilidade é zero."
Salles também disse não ver "a menor comparação" entre sua situação e a da deputada Cristiane Brasil, que teve sua posse para o Ministério do Trabalho suspensa pela Justiça após condenações trabalhistas virem à tona.
"Eu tenho uma única decisão cujo o conteúdo e o próprio processo são claramente ideológicos e que não dizem respeito a nenhuma infração da minha parte", afirmou. "Não há a menor comparação entre uma situação e outra."
O ex-secretário também negou a possibilidade de assumir a pasta e se licenciar em seguida, como planeja o ministro Gilberto Kassab (PSD) ao pedir nesta quinta, 27, afastamento do cargo de secretário da Casa Civil da gestão João Doria (PSDB) antes de tomar posse. Kassab foi alvo de operação da Polícia Federal por receber propina da J&F.
"São casos completamente diferentes. O meu é uma ação civil e o outro, uma ação criminal", disse Salles. "Aliás, no meu caso, é importante dizer que a própria petição inicial quanto a sentença judicial dizem com todas as letras que não há o menor traço de corrupção ou vantagem pessoal."
Fundador do movimento Endireita Brasil, Ricardo Salles se filiou ao partido Novo, pelo qual concorreu a uma vaga na Câmara dos Deputados. Sua campanha foi marcada pela defesa da redução do Estado, de privatizações, do endurecimento da legislação penal, além de fortes críticas ao PT. Ele obteve 36.603 votos e não conseguiu ser eleito.