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Ação pede indenização de R$ 200 mi por morte de João Alberto no Carrefour

Segundo a Defensoria, o valor será destinado a fundos de combate à discriminação e defesa do consumidor

22/11/2020
REUTERS/Ricardo Moraes (Ricardo Moraes/Reuters)

22/11/2020 REUTERS/Ricardo Moraes (Ricardo Moraes/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de novembro de 2020 às 16h52.

Última atualização em 25 de novembro de 2020 às 17h40.

Defensoria Pública do Rio Grande do Sul entrou nesta quarta-feira, 25, com uma ação civil pública coletiva contra o Carrefour e a empresa de segurança Vector pela morte de João Alberto Silveira Freitas, 40, espancado por dois seguranças em uma unidade do supermercado na zona norte de Porto Alegre.

A ação, ajuizada na Vara de Tutelas Coletivas da capital gaúcha, cobra indenização de R$ 200 milhões da rede de supermercados por danos morais coletivos e sociais. Segundo a Defensoria, o valor será destinado a fundos de combate à discriminação e defesa do consumidor.

Defensoria pede ainda que a rede Carrefour crie em Porto Alegre, em até 10 dias, um plano de combate ao racismo e ao tratamento discriminatório voltado aos funcionários do grupo. Também solicita a adoção de campanhas de conscientização em redes sociais e na mídia. Requer ainda a afixação de ao menos dez cartazes, em cada unidade do conglomerado no Brasil, destacando que discriminação é crime e que denúncias podem ser encaminhadas ao canal "Disque 100".

Há ainda um pedido para que o grupo Carrefour e a Vector custeiem o aparelhamento material da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância (DPCI), anunciada pelo Governo do Estado. Também exige que eles cubram os gastos da Brigada Militar com ações de segurança nos locais onde ocorreram manifestações após a morte de João Alberto.

Defensoria Pública também requer a interdição da unidade onde ocorreu o crime por cinco dias, 'com o objetivo de diminuir os riscos de possíveis atos hostis que poderão ocorrer em decorrência de manifestações'.

Manifestação em repúdio à morte de João Alberto Silveira, que foi espancado violentamente dentro de unidade do Carrefour em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Foto: Jefferson Bernades/Estadão

Além das empresas, a fiscal do Carrefour Adriana Alves, que filmou as agressões de perto e ameaçou uma testemunha, e os dois seguranças Giovane Gaspar da Silva e Magno Braz Borges, flagrados espancando o homem negro até a morte, também foram incluídos na ação.

Mais cedo, a Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos de Porto Alegre anunciou que abriu dois inquéritos civis para buscar reparação e investigar a política de direitos humanos no supermercado. Há ainda duas frentes de investigação criminais relacionadas ao episódio em curso no Ministério Público Federal. Enquanto a Procuradoria do Rio Grande do Sul apura o funcionamento de mecanismos de fiscalização de empresas de segurança privada pela Polícia Federal, os procuradores do Rio de Janeiro investigam medidas adotadas pela PF e também por supermercados, shopping centers e bancos para enfrentamento do racismo estrutural nos serviços de vigilância.

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