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"Pesquisador" que falou com repórter alegou trabalho universitário

Suposto pesquisador que se apresentou à repórter Constança Rezende como Alex MacAllister telefonou pelo menos 10 vezes de 23 de janeiro a 28 de fevereiro

Ontem, Bolsonaro compartilhou um texto no Twitter com falsa acusação à jornalista Constança Rezende, do Estadão (Facebook/Reprodução)

Ontem, Bolsonaro compartilhou um texto no Twitter com falsa acusação à jornalista Constança Rezende, do Estadão (Facebook/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de março de 2019 às 09h42.

Última atualização em 12 de março de 2019 às 10h39.

Rio — O suposto pesquisador que se apresentou à repórter Constança Rezende como Alex MacAllister telefonou pelo menos dez vezes de 23 de janeiro a 28 de fevereiro.

O pretexto para a insistência era um suposto trabalho de pesquisa, a ser apresentado na Universidade do Texas, sobre populismo. MacAllister nunca disse à repórter que a entrevistava, nem que gravava o que falavam.

Autora de reportagens sobre o caso envolvendo Fabrício Queiroz, ex-assessor do hoje senador Flávio Bolsonaro (PSL) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, publicadas pelo jornal O Estado de S. Paulo, a jornalista conversou diretamente com MacAllister duas vezes. Para a comunicação, ele usou o WhatsApp, pelo qual telefonou e enviou mensagens.

O primeiro contato de MacAllister com Constança ocorreu em 23 de janeiro, em telefonema. Ela não atendeu à ligação. Às 15h19, ele perguntou no WhatsApp, por escrito, em inglês: "Qual horário seria conveniente para você falar amanhã? Seria ótimo. : )" A repórter respondeu às 15h25: "Sim, desculpe. Eu estava andando na rua quando você me ligou. Quem é você? Desculpe, não entendi".

A resposta veio às 15h51. "Sim, desculpe pela conexão ruim. Sou um estudante da UT do Texas fazendo pesquisa para um trabalho para um seminário". Às 15h58, retomou o assunto e explicou sua "pesquisa". Avisou que ligaria no dia seguinte, o que aconteceu.

No dia 25, houve nova conversa, mais breve. Entre os assuntos, as investigações sobre o caso Queiroz, o funcionamento do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e o papel do vice-presidente, Hamilton Mourão.

"Checar algo"

Depois, houve um hiato de 13 dias. MacAllister voltou a telefonar em 7, 8, 10 e 12 de fevereiro. A repórter não o atendeu. No período, ela enviou a ele links das suas reportagens.

Em 18 de fevereiro, ele perguntou por mensagem se poderia telefonar e depois, às 12h07, dizendo que pensava no que ela dissera sobre Mourão. Em 19 de fevereiro, MacAllister telefonou às 10h14, sem sucesso. Depois, mandou mensagem, dizendo que queria "checar algo" e pedindo "um minuto livre".

MacAllister tentou telefonar para a jornalista no dia 21, às 9h50, mas a profissional não o atendeu e depois avisou que estava ocupada.

Às 11h44, nova mensagem, perguntando se ela poderia conversar. No dia 22, em nova tentativa, ele perguntou por escrito, às 10h06. "Oi. Você está livre hoje de alguma forma?" Foi ignorado.

Cinco dias depois, em 27 de fevereiro, MacAllister enviou um e-mail à jornalista. Agradeceu e mandou um resumo do que seria a sua pesquisa.

No dia seguinte, ligou, mas de novo não foi atendido. Foi sua última tentativa de contato. Seu telefone, de DDI 044, do Reino Unido, não constava mais no WhatsApp nesta segunda-feira, 11.

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