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Abrasco critica ideia de postos de saúde com creches e escolas

Presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva observou que os prédios construídos para ser UPAS ou UBS são espaços restritos

Gilberto Occhi: novo ministro da Saúde afirmou que a ideia está em estudo no Planalto (Elza Fiuza/Agência Brasil)

Gilberto Occhi: novo ministro da Saúde afirmou que a ideia está em estudo no Planalto (Elza Fiuza/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de abril de 2018 às 15h54.

Última atualização em 2 de abril de 2018 às 16h05.

Brasília - A ideia de permitir que prédios construídos para Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) sejam também usados para abrigar creches e escolas foi criticada pelo presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Gastão Wagner.

O ministro da Saúde, Gilberto Occhi, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que a ideia está em estudo no Planalto, é apoiada por ele e por seu antecessor, Ricardo Barros.

"A planta dessas obras não foi feita pensando em escolas, creches. Como permitir um uso compartilhado?", questionou. Ele lembrou que, em alguns países, há o uso múltiplo de prédios públicos. "Mas isso foi feito de forma planejada. O que eles querem, agora, é consertar um processo que foi encaminhado de forma errada. Assim, certamente não dará certo", completou.

Wagner, que é também professor da Unicamp, observou que os prédios construídos para ser UPAS ou UBS são espaços restritos, que dificilmente podem abrigar também crianças. "E como se pode fazer uma creche num lugar que rotineiramente recebe pessoas doentes?"

Além dos riscos para crianças, Wagner ressalta que o simples reaproveitamento dos prédios retarda ainda mais as falhas na assistência à saúde. "No Brasil falta cobertura em unidades básicas.Temos 30%, 40% das pessoas assistidas enquanto o ideal seria 80%", observou.

É esse o porcentual considerado adequado de cobertura em países que têm modelo de assistência universal, como o do Brasil. "Uma simples ocupação não resolveria nada. Pode colocar a saúde de crianças em risco e adia a resolução de um problema histórico no País, que é a falta de acesso a serviços de atenção básica."

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