Carlos Bolsonaro: filho de ex-presidente é investigado por suposta espionagem ilegal (Ueslei Marcelino/Reuters)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 29 de janeiro de 2024 às 19h35.
Última atualização em 29 de janeiro de 2024 às 19h35.
A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e o vereador pelo Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), estão no centro de uma investigação da Polícia Federal (PF) sobre um esquema ilegal que, segundo as investigações, monitorava autoridades públicas e outras pessoas, utilizando-se de ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis sem a autorização judicial.
Os investigadores suspeitam que a espionagem ilegal envolvia autoridades da oposição, jornalistas e políticos, além de fiscalizar o andamento de investigações de aliados. A ideia da organização criminosa, de acordo a polícia, seria ter ganhos políticos com o monitoramento.
Segundo a PF, a operação desta segunda teve como objetivo investigar a suposta organização criminosa que se instalou na Abin e avançar no núcleo político e identificar os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin, por meio de ações clandestinas.
Nessas ações eram utilizadas técnicas de investigação próprias das polícias judiciárias, sem, contudo, qualquer controle judicial ou do Ministério Público. Foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão em Angra dos Reis e Rio de Janeiro, ambas no estado fluminense, Brasília, no Distrito Federal, Formosa, em Goiás, e Salvador, na Bahia.
Segundo o jornal O Globo, além de Carlos, outras três pessoas foram alvos da operação que apura indícios de um esquema de espionagem ilegal no órgão de inteligência durante o governo de Bolsonaro, sob a gestão do então diretor Alexandre Ramagem (PL-RJ), hoje deputado federal. Carlos é suspeito de ser um dos destinatários das informações levantadas de forma clandestina. Ainda segundo o jornal, o computador e celular do vereador foram apreendidos.
Em 22 de abril de 2020, em reunião no Palácio do Planalto, Bolsonaro disse para seus ministros que tinha o seu próprio serviço de informações, alegando que Abin, PF e outros centros de inteligência do governo não funcionavam. “Sistemas de informações: o meu funciona. O meu, particular, funciona”, disse. “Prefiro não ter informação do que ser desinformado por sistema de informações que eu tenho.”
Uma reportagem do O Globo, de março de 2023, mostrou que a Abin utilizou um programa secreto chamado FirstMile para monitorar a localização de pessoas pré-determinados por meio dos aparelhos celulares durante a gestão Bolsonaro.
Após a reportagem, a PF abriu um inquérito e identificou que a ferramenta foi utilizada para monitorar políticos, jornalistas, advogados e adversários do governo.