O corpo de Pinochet durante o seu velório: seus bens estão embargados como parte de uma investigação sobre a origem de sua fortuna, calculada em US$ 26 milhões (David Lillo/AFP)
Da Redação
Publicado em 4 de julho de 2012 às 13h25.
Santiago - O testamento do ex-ditador chileno Augusto Pinochet foi aberto nesta quarta-feira por ordem judicial, mais de cinco anos depois de sua morte, e o texto beneficia de forma exclusiva sua família, informou uma fonte judicial.
"A diligência foi bem sucedida. Foi possível conhecer a vontade do autor e quem são os herdeiros", informou aos jornalistas o advogado do Conselho de Defesa do Estado, Carlos Mackenney.
O órgão público pediu a abertura do testamento para garantir o pagamento de tributos e eventuais indenizações em julgamentos que ainda estão em andamento contra o ex-ditador, que morreu no dia 10 de dezembro de 2006 em decorrência de uma doença cardíaca.
Os bens de Pinochet, localizados em bancos estrangeiros, estão embargados como parte de uma investigação sobre a origem de sua fortuna, calculada em cerca de 26 milhões de dólares.
Até o momento, a família de Pinochet havia se negado a abrir o testamento, pois acreditava que pudesse gerar conflitos internos entre os parentes do ex-ditador devido à possibilidade de o documento revelar supostos favoritismos. Por fim, a abertura não trouxe surpresa alguma.
"A finalidade de abrir o testamento está relacionada com um conjunto de ações no qual o fisco possui interesse, particularmente em matéria tributária ou para eventuais ações indenizatórias", explicou Mackenney.
O conteúdo do documento, do qual houve uma tentativa de abertura em 25 de abril, faz referência a uma distribuição normal dos bens do ex-ditador, sem dar detalhes destes.
"Contém disposições testamentárias normais. Não há informações sobre bens, e sim a frase 'aqueles bens que existiram no momento do falecimento'", acrescentou o jurista do CDE.