Em Belo Horizonte, a manifestação que começou pacífica nesta quarta-feira, terminou com lojas incendiadas e reação da polícia ( REUTERS/Ueslei Marcelino)
Da Redação
Publicado em 26 de junho de 2013 às 23h29.
São Paulo - As manifestações que o Brasil tem vivido há cerca de duas semanas, em plena Copa das Confederações, causam receios para o setor de turismo que, nos últimos anos, se preparou para receber um dos maiores eventos esportivos: a Copa do Mundo.
"O turismo é uma atividade econômica da paz, que gosta de sossego e tranquilidade", afirmou Antônio Azevedo, presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav).
Segundo Azevedo, no mercado interno não houve impacto direto e os turistas continuam fazendo suas viagens "normalmente". No exterior, na avaliação dele, há um leve reflexo com preocupações, mas ainda sem registro de cancelamentos devido aos protestos.
"Alguns sites internacionais e até alguns governos, como o da Espanha, começam a alertar seus cidadãos para tomar cuidado em viagens para o Brasil. Há até aqueles que recomendam o cancelamento", afirmou, sem mencionar os sites.
De acordo com a assessoria do Ministério do Turismo, os principais destinos turísticos do mundo passaram por manifestações legítimas de um processo democrático. "Antes de interferir na imagem do Brasil turisticamente, esperamos que as manifestações que o País vive sejam encaradas como o amadurecimento da democracia brasileira internacionalmente", disse a Pasta, em nota.
No entanto, a disseminação das informações com rapidez, via internet e redes sociais, amplia o temor de que caso manifestações tomem proporções ainda maiores possam resultar no adiamento de visitas. "A pessoa que viaja não pretende se incomodar. Se começar a ver que há ações sérias, que impedem circulação e outros problemas, é sempre preocupante", disse o presidente da Abav.
Azevedo relatou que as agências brasileiras verificaram cancelamentos por protestos fora do País. "As manifestações na Turquia fizeram os turistas brasileiros mudar os roteiros de viagem ou até cancelar", comentou, ressaltando que não existe um levantamento oficial. "Não é muito significativo, deve ser algo em torno de 10% de rescisões."
A Associação Brasileira de Operadoras de Turismo (Braztoa) informou que também não possui dados sobre cancelamentos e que ainda não registra "nada significativo" nas atividades por conta das manifestações. "As pessoas podem até cogitar, ficam apreensivas para saber como está o País, mas não há nada de concreto", afirmou, por meio de sua assessoria.
O presidente da Abav disse que a entidade mantém a expectativa de receber 600 mil turistas estrangeiros na Copa do Mundo de 2014. "Se o País conseguir superar esse momento, que as propostas (do governo) se tornem efetivas e não apenas discurso, é possível que a gente consiga melhorar a imagem do Brasil e aproveitar ainda mais", previu.