Brasil

A sombra da Lava-Jato

O impeachment não encerra a Lava-Jato. Foi assim que os investigadores da operação enviaram seu recado ao novo governo nesta quinta-feira. O presidente empossado, Michel Temer, discursou reforçando o trabalho dos promotores e policiais, bem como do novo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes. Na prática, o novo governo tem capacidade de mudar a rotina […]

MICHEL TEMER: além dele, sete novos ministros foram citados na Lava-Jato / Ueslei Marcelino

MICHEL TEMER: além dele, sete novos ministros foram citados na Lava-Jato / Ueslei Marcelino

DR

Da Redação

Publicado em 13 de maio de 2016 às 06h15.

Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h03.

O impeachment não encerra a Lava-Jato. Foi assim que os investigadores da operação enviaram seu recado ao novo governo nesta quinta-feira. O presidente empossado, Michel Temer, discursou reforçando o trabalho dos promotores e policiais, bem como do novo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes.

Na prática, o novo governo tem capacidade de mudar a rotina e a configuração das equipes, além da distribuição de inquéritos e processos. “O trabalho da Lava-Jato é sério e profissional. Noventa e sete por cento das decisões de Moro vêm sendo confirmadas pelos tribunais e pelo Supremo. O governo que assume tem clara essa leitura e há uma expectativa de que esse trabalho prossiga”, diz o promotor Roberto Livianu, presidente do Instituto Não Aceito Corrupção.

Se Temer demonstrou apoio à operação, o temor é que seus ministros tenham visão diferente. Entre seus 23 escolhidos, sete foram citados em delações premiadas. Romero Jucá, do Planejamento, foi citado em esquemas de corrupção na Petrobras, na Eletronuclear e na Zelotes; Henrique Alves, do Turismo, é acusado de receber propina da empreiteira OAS; e Geddel Vieira de Lima, da Secretaria de Governo, é suspeito de usar sua influência na Caixa para atuar em favor da OAS. Alves e Geddel eram investigados e agora passam a ter foro privilegiado.

Os novos ministros Mendonça Filho, Raul Jungmann, Bruno Araújo e Ricardo Barros, que vão assumir os ministérios da Educação, Defesa, Cidades e Saúde, respectivamente, são citados nas planilhas de pagamentos da empreiteira Odebrecht. Temer também não escapa: foi citado como padrinho das nomeações do lobista João Augusto Henriques para a BR Distribuidora e de Jorge Zelada para a área internacional da Petrobras. Ambos estão presos.

Mas não é só dentro do novo governo que a Lava-Jato continua a assombrar. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva perdeu o foro privilegiado e voltou para a competência do juiz Sergio Moro. Vale lembrar que Moro tem em mãos, desde o dia 3 de maio, a denúncia do Ministério Público de São Paulo que pede a prisão preventiva de Lula. Os ministros Jaques Wagner, Edinho Silva e Aloizio Mercadante também serão investigados em Curitiba. Já foram 28 fases da Lava-Jato. A 29 não deve demorar.

Acompanhe tudo sobre:Às SeteExame Hoje

Mais de Brasil

Licença de Eduardo Bolsonaro termina neste domingo; veja o que pode acontecer

Eduardo aumenta condutas ilícitas após tornozeleira em Bolsonaro, diz Moraes

AGU pede que STF investigue ação suspeita antes de tarifaço no inquérito contra Eduardo Bolsonaro

Incêndio em Barueri, na Grande São Paulo, atinge galpões comerciais