Dodge: se aprovada, seria a primeira mulher no comando do MPF em toda a sua história
EXAME Hoje
Publicado em 12 de julho de 2017 às 06h45.
Última atualização em 12 de julho de 2017 às 10h11.
A subprocuradora Raquel Dodge passa nesta quarta-feira pela sabatina no Senado Federal que pode confirmá-la como a próxima procuradora-geral da República. A sessão de perguntas para a sucessora de Rodrigo Janot acontece na Comissão de Constituição e Justiça, a partir das 10 horas. Se aprovada, entre suas funções estarão a chefia do Ministério Público Federal (MPF) e dar andamento às investigações contra políticos, com mandatos e no centro do poder, na Operação Lava-Jato e seus desdobramentos.
Sua aprovação é dada como certa. Dodge será a primeira mulher no comando do MPF em toda a sua história e, também, a primeira em 14 anos de vigência da lista tríplice organizada pela Associação Nacional dos Procuradores da República a ser nomeada mesmo sem liderar a votação da categoria. A subprocuradora teve 587 votos na eleição interna realizada pela autarquia no último dia 27 de junho. O primeiro colocado foi o vice-procurador eleitoral Nicolao Dino, que recebeu 621 votos. Dino é aliado de Rodrigo Janot, e desafeto do presidente Michel Temer, que, pela Constituição, tem a palavra final na escolha do nome.
Além de ser aliado de Janot, Dino é irmão de Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão. Segundo o jornal O Globo, Raquel Dodge conta com apoio do maior adversário do governador, o ex-presidente José Sarney, e também do ex-presidente do Senado Renan Calheiros, do ex e do atual ministros da Justiça Osmar Serraglio e Torquato Jardim, além do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. Gilmar, inclusive, jantou com o presidente Michel Temer um dia antes do anúncio de que ela seria a escolhida. Companheiros de Dodge, contudo, saíram em defesa da subprocuradora, ressaltando sua seriedade nas investigações que participou contra políticos, como a Operação Caixa de Pandora – que condenou o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda –, e seu currículo, que traz uma carreira longa no MPF e um mestrado na Universidade Harvard.
Com oito dos 27 senadores da CCJ investigados na Lava-Jato, a sabatina será sui generais. Rodrigo Janot, em agosto de 2015, passou por interrogatório de 10 horas antes de ser aceito para a recondução ao mandato por mais dois anos. Na ocasião, protagonizou uma batalha com o ex-presidente e senador Fernando Collor de Mello. Dodge deve ter menos trabalho para convencer os senadores. Espera-se que, uma vez no cargo, mantenha o ímpeto de seu antecessor contra os mesmos políticos que lhe conduziram até lá.