Brasil

A reforma tributária que o RS quer fazer na frente do Brasil

À frente de um dos governos mais endividados no país, governador Eduardo Leite (PSDB) propõe rever benefícios fiscais para ajustar as contas públicas

A reforma de Leite vai em dois sentidos: simplificar o pagamento de impostos e reduzir a cobrança sobre alguns produtos (Gustavo Mansur/Palácio Piratini/Divulgação)

A reforma de Leite vai em dois sentidos: simplificar o pagamento de impostos e reduzir a cobrança sobre alguns produtos (Gustavo Mansur/Palácio Piratini/Divulgação)

LB

Leo Branco

Publicado em 6 de agosto de 2020 às 09h58.

Última atualização em 7 de agosto de 2020 às 14h35.

Em meio à falta de consenso entre Congresso e governo federal sobre o caminho a seguir com a reforma tributária, o Rio Grande do Sul está prestes a mexer nos seus impostos. Se tudo correr conforme o previsto, o estado deve sair na frente do governo federal e de outros estados na tentativa de simplificar o cipoal de regras para o pagamento de impostos – um problema que se arrasta há décadas sem solução no país.

A promessa do governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB) é encaminhar uma proposta à Assembleia legislativa gaúcha ainda neste mês. Em entrevista à EXAME, Leite disse que a ideia central da discussão é “resgatar a competitividade” do Rio Grande do Sul ao reduzir impostos sobre o consumo e, na outra ponta, rever isenções fiscais.

Uma das principais propostas é mudar os benefícios que incidem sobre a cesta básica. A ideia é equalizar a alíquota do ICMS, imposto estadual sobre mercadorias e serviços, que incide sobre esses produtos – hoje em patamares irrisórios para baratear alimentos e itens de higiene pessoal – à média de produtos menos essenciais, que gira por volta de 17%.

Essa alta de impostos seria devolvida aos consumidores de produtos da cesta básica com renda familiar de até três salários mínimos. “O benefício para a cesta básica tem a intenção de favorecer o público de mais baixa renda, mas acaba sendo injusto do ponto de vista tributário. Na medida em que não dá para classificar o que o rico ou o pobre comem, os alimentos como um todo estão desonerados”, diz Leite, que projeta devolver até 500 milhões de reais em impostos por ano. “Isso com certeza vai estimular a economia, porque nas mãos das famílias de baixa renda o valor vira consumo.”

O Rio Grande do Sul é um dos estados em pior situação fiscal no país. Antes da pandemia, mais de 80% da arrecadação de impostos vai para pagamento de salários e aposentadorias, cerca de vinte pontos percentuais acima do recomendado pela Lei de Responsabilidade Fiscal, legislação federal sobre as contas públicas brasileiras. Agora, com a crise econômica, o déficit projetado para as contas de 2020 deverá ser de 6 bilhões de reais — o dobro de 2019 e perto de 15% da arrecadação anual.

Para compensar as benesses, a ideia é mudar benefícios fiscais sobre itens que hoje pagam pouco imposto, como insumos agrícolas. “Nossa proposta seria que pagassem 10% do imposto devido. Ou seja, se o imposto devido fosse de 17%, ficaria 1,7% de determinado item em contribuição para a sustentabilidade fiscal do estado”, diz. Até aqui, o governo gaúcho tem sido pioneiro numa discussão espinhosa como a tributária. Resta saber se o vanguardismo terá fôlego – ou cairá no ritmo lento dos debates em Brasília.

Acompanhe tudo sobre:Eduardo LeiteEstados brasileirosReforma tributária

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas