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A queda da 'prefeita ostentação' em 3 atos

Após denúncia feita pelo Ministério Público, alegando fraudes em licitações na educação, assumiu hoje a vice-prefeita Malrinete Gralhada (PMDB)

Lidiane Leite Silva, a prefeita ostentação: cliques nas redes sociais mostravam carros, celulares e viagens (Reprodução)

Lidiane Leite Silva, a prefeita ostentação: cliques nas redes sociais mostravam carros, celulares e viagens (Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 28 de agosto de 2015 às 17h13.

Última atualização em 3 de agosto de 2017 às 15h12.

São Paulo – Assumiu hoje a prefeitura de Bom Jardim, no Maranhão, a vice-prefeita Malrinete Gralhada (PMDB). Depois de ganhar ação na justiça do estado para ocupar o cargo, ela assume o lugar de Lidiane Leite Silva (Sem partido), a “prefeita ostentação”, que está foragida da polícia por suspeitas de desvio de dinheiro público.

O caso ganhou repercussão nacional nos últimos dias. Depois de chegar ao cargo, Lidiane passou de uma vida simples de vendedora de leite para o hábito de ostentar vestidos, joias, celulares e carros de luxo nas redes sociais.

A denúncia feita pelo Ministério Público contra a prefeita alega fraudes em licitações para compra de materiais de construção, mobiliário e merenda para escolas em 2014. Segundo a Polícia Federal do estado, os crimes geraram desvios de recursos na casa de 1 milhão de reais.

As cifras, no entanto, podem chegar a 15 milhões de reais de acordo com documentos apreendidos pela PF. A saber, o governo federal repassou quase 40 milhões de reais em verbas ao município em 2015.

Entenda aqui, como foi a queda da prefeita.

A prefeita

Substituta de Beto Rocha, que teve candidatura impugnada pela Lei da Ficha Limpa na chapa do PRB em 2012, Lidiane — então namorada de Rocha — subiu ao cargo sem experiência, com 22 anos e promessas de que seria uma “servidora” do parceiro na prefeitura.

A secretaria de educação, de onde há a suspeita de desvio de recursos,  foi justamente sua bandeira de campanha, visto que a cidade sofre com escolas municipais sem infraestrutura para funcionar. Além de superfarurar obras e merenda, em outubro, Lidiane reduziu os salários do professores da rede municipal de ensino.

(Reprodução)

O crime

As suspeitas começaram logo em 2013, quando a empresa Metaço Metalurgia acionou a prefeitura na justiça porque teria sido sabotada na disputa pelo edital para fornecimento de carteiras escolares. De acordo com o processo, Lidiane “dificultou e não permitiu o acesso da empresa ao conteúdo do edital”. Ficou estabelecido 4,5 mil reais de multa.

Mais adiante, porém, o próprio Ministério Público do Maranhão notou uma recorrência em denúncias do tipo e abriu processos para investigação de supostas fraudes na licitação para desvio de recursos. No início do ano, um mandado de busca e apreensão foi expedido, em busca de documentos que comprovassem a suspeita.

Neste mês, saiu o pedido de prisão preventiva do grupo. O “comandante” e ex-secretário de Assuntos Políticos, Beto Rocha, e o ex-secretário de Agricultura Antônio Gomes da Silva foram presos, Lidiane fugiu. Ela já está foragida desde o dia 20, o que a enquadra na lista de procurados e impedidos da PF.

A defesa não deu um prazo para que ela se entregasse.

O município

Bom Jardim foi um alvo fácil para Lidiane. Com cerca de 40 mil habitantes, a 277 quilômetros da capital São Luís, a cidade tem economia prioritariamente rural, já que quase 60% da população vive em zonas de plantio.

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Os indicativos sociais levantados pelo IBGE no Censo 2010 revelam uma cidade pequena e carente de estrutura. O Índice de Desenvolvimento Humano é de apenas 0,538, número próximo ao IDH do Paquistão, considerado de baixo desenvolvimento.

A educação é justamente um dos setores mais carentes. Entre as pessoas com 15 anos ou mais, cerca de 32% não sabem ler ou escrever. A média no Brasil é 8,3%. No grupo de pessoas com mais de 60 anos, quase 70% é analfabeta.

O fator que derruba os indicativos do município, porém, é o saneamento básico. Apenas 1,8% dos domicílios particulares permanentes têm saneamento considerado adequado. Quase 69% estão no grau semi-adequado e mais 29% estão aquém do apropriado.

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