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A política que mata não salva a economia, diz Doria em reação a Bolsonaro

Em entrevista coletiva, governador de São Paulo fez duras críticas ao incentivo do presidente em não respeitar o isolamento pelo coronavírus

Doria: "Será que em São Paulo, em outros estados do nosso país, vamos precisar enterrar 4,5 mil pessoas [como na Lombardia]?", disparou o governador (Governo do Estado de São Paulo/Divulgação)

Doria: "Será que em São Paulo, em outros estados do nosso país, vamos precisar enterrar 4,5 mil pessoas [como na Lombardia]?", disparou o governador (Governo do Estado de São Paulo/Divulgação)

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Clara Cerioni

Publicado em 27 de março de 2020 às 15h55.

Última atualização em 27 de março de 2020 às 17h28.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), fez nesta sexta-feira, 27, uma dura crítica ao posicionamento do presidente Jair Bolsonaro de incentivar o "retorno à normalidade das atividades" do país em meio ao avanço da pandemia do coronavírus, que já causou a morte de quase 80 brasileiros, 60 só em São Paulo.

"A política que mata pessoas não salva a economia", afirmou o governador. Logo depois, Doria propôs que aqueles que tiverem dúvidas sobre a necessidade do isolamento "consultem o prefeito de Milão."

Ontem à noite, Giuseppe Sala declarou arrependimento por ter divulgado um vídeo no fim de fevereiro dizendo que a metrópole não deveria parar. Já são cerca de 4.500 mortes na região de Lombardia, onde fica Milão.

"Será que em São Paulo, em outros estados do nosso país, vamos precisar enterrar 4.500 pessoas para ter a certeza de que o convite para ir às ruas, para fazer o que não deve fazer é um erro?", prosseguiu o governador de São Paulo.

A campanha publicitária, "O Brasil não pode parar", que foi lançada pelo governo federal, vai na contramão de quase todos os principais líderes mundiais, das recomendações da Organização Mundial de Saúde e de epidemiologistas.

O isolamento é visto como a única forma de achatar o crescimento do aumento de contaminados e também de complicações que sobrecarregam o sistema hospitalar.

Doria também citou que o valor de 4,8 milhões de reais que o governo federal gastou para promover a campanha publicitária poderia ser usado para "comprar suprimentos para os hospitais públicos" e ao atendimento e informação correta da população brasileira.

"O Brasil precisa discutir quem será o fiador das mortes do Brasil?", disparou o político. "Aquele que autorizou esta campanha? Aquele que idealizou? [...] Aquele que identifica a mais grave crise de saúde da história da humanidade como uma 'gripezinha'?"

Questionado se São Paulo vai romper o canal de comunicação com o governo federal, o governador disse que manterá relação com "saúde e transportes" e as áreas necessárias para que as medidas estaduais sejam bem aplicadas.

Novas medidas

Doria anunciou, ainda, que vai fazer um repasse de 50 milhões de reais, cujo depósito será feito na próxima segunda-feira, para cofinanciar os hospitais de campanha, no Estádio do Pacaembu, que será inaugurado dia 1º, e da Arena Anhembi, que ainda está em obras.

No total, para os 645 municípios no estado de São Paulo, o governo destinou um total de 309 milhões de reais. "Todos os valores devem ser investidos para custeio, compra de insumos e montagem de hospitais de campanha."

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