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A hora de Fernando Haddad, o plano B de Lula

Próximo ao fim do prazo dado pela justiça eleitoral, Fernando Haddad foi confirmado como candidato à presidência do PT nesta terça-feira

EU SOU VOCÊ? Campanha tentará intensificar transferência de votos para o ex-prefeito de São Paulo  / Divulgação (Divulgação/Divulgação)

EU SOU VOCÊ? Campanha tentará intensificar transferência de votos para o ex-prefeito de São Paulo / Divulgação (Divulgação/Divulgação)

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AFP

Publicado em 11 de setembro de 2018 às 14h37.

Última atualização em 11 de setembro de 2018 às 14h42.

Fernando Haddad ouviu da terceira fila o histórico discurso com que Lula fez sua despedida horas antes de ser preso, em abril. Nem os maiores elogios, nem os agradecimentos mais sentidos foram para ele, mas, a partir desta terça-feira, o ex-prefeito de São Paulo pode encarar um objetivo delicado: substituir Lula.

Perto do fim do prazo dado pela justiça eleitoral, Lula deve dar seu aval para quem seu ministro da Educação nos anos dourados de seus governos assumir uma missão que muitos acham ser quase impossível.

Nem a prisão, nem os escândalos que detonaram o PT ou a crise econômica fizeram Lula cair da primeira colocação nas pesquisas.

Haddad, um comedido advogado e ex-professor universitário de 55 anos criado em São Paulo, não é Lula e aí estão as pesquisas para lembrar. Apesar de ter melhorado, somente 9% dos eleitores o apontaram como atualmente como seu candidato na pesquisa do Datafolha publicada nesta segunda-feira. E agora restam somente quatro semanas para convencer o eleitorado.

Carreira

Não é a primeira vez que Haddad começa mal em uma eleição. Ele também não era o mais cotado quando se candidatou à prefeitura de São Paulo em 2012, e acabou ganhando.

Aqueles tempos, entretanto, eram outros. Os do início do governo de Dilma Rousseff (2011-2016), quando a influência de Lula no meio político era praticamente incontestável.

Quatro anos depois, em 2016, Haddad sofreu uma esmagadora derrota nas urnas logo no primeiro turno, e teve que passar a prefeitura de São Paulo para o empresário liberal João Dória, em mais um duro revés para o PT poucos meses depois da destituição de Dilma Rousseff. Ele sempre soube, contudo, que voltaria à linha de frente do partido.

"Eu não sou uma pessoa ansiosa, espero as coisas acontecerem para tomar decisões. Eu sou um ser político, no sentido de ser participativo na vida pública, desde os tempos da faculdade", afirmou em dezembro de 2016 ao jornal El País sobre uma possível candidatura nacional.

"Tranquilão"

Formado em Direito, com mestrado em Economia e doutorado em Filosofia, Haddad chegou ao ministério da Educação em 2005. Só deixou o governo na gestão de Dilma Rousseff, para disputar a prefeitura de São Paulo em 2012.

Sua trajetória o colocou no coração da máquina do PT, mas sem sair nunca da sombra de Lula. "Haddad só falava quando lhe perguntavam algo", contou um antigo aliado de Lula à Gazeta do Povo.

Alguns reprovam seu estilo distante, injustamente a seu ver. "Sou filho do casamento de um comerciante libanês com uma normalista.Aprendi em casa a negociar e conversar, tenho um temperamento em geral tranquilo, mesmo nas situações mais adversas. As pessoas confundem isso com frieza, mas não é", declarou em um artigo publicado em junho de 2017 na revista Piauí.

Essa barreira é a que deve ultrapassar para se aproximar do eleitorado caloroso do Nordeste, reduto histórico do PT.

Fora da metrópole paulista, poucos identificam "Haddad tranquilão", em uma sátira nas redes sociais de sua época como prefeito, por sua eterna serenidade. Tampouco ajudaram as acusações, como a da Procuradoria de São Paulo, que o denunciou na semana passada por suposta corrupção em sua gestão como prefeito, algo que ele nega com veemência.

A partir de agora, será determinante a capacidade de transferência de votos de Lula para que ele e sua companheira de chapa, a jovem comunista Manuela D'Ávila, consigam chegar ao segundo turno, em que tudo indica que será disputado com o candidato da ultradireita Jair Bolsonaro.

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