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A exemplo de Crivella, Doria vai reduzir verba do carnaval de SP

O tucano espera obter recursos da iniciativa privada para cobrir o montante que a prefeitura deixará de investir

Carnaval: neste ano, a prefeitura repassou R$ 30 milhões às escolas (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

Carnaval: neste ano, a prefeitura repassou R$ 30 milhões às escolas (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de junho de 2017 às 18h05.

São Paulo - O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), irá reduzir os repasses da Prefeitura para o carnaval da cidade no ano que vem.

Sem adiantar valores, Doria afirmou que irá cortar recursos tanto do carnaval de rua quanto do desfile das escolas de samba da cidade.

Ele, entretanto, afirma que o valor total da folia não terá redução: ele espera obter recursos da iniciativa privada para cobrir o montante que a Prefeitura deixará de investir.

"Não podemos gastar mais do que aquilo que se arrecada. Não podemos ter uma atitude irresponsável fiscalmente para atender este ou aquele setor. No caso de São Paulo, o carnaval é tão importante como no Rio de Janeiro. E aqui vamos fazer um trabalho ainda mais intenso com o setor privado. Vamos suplementar os recursos que a Prefeitura tiver a necessidade de reduzir com investimento privado", disse Doria.

"Às escolas de samba e à liga (das escolas), não faltará o recurso estimado e previsto. Pode mudar o carimbo: ao invés de ser público, será recurso privado. Mas o recurso não vai faltar", continuou.

Segundo Doria, houve uma reunião na Prefeitura de São Paulo para tratar do nesta terça-feira, 20.

"O que haverá é uma redução do investimento público e um aumento do investimento privado, para equalizar e garantir a realização do carnaval", afirmou o prefeito.

Neste ano, a Prefeitura repassou R$ 30 milhões às escolas de samba da cidade. No caso do carnaval de rua, a folia já foi integralmente paga pelo setor privado.

A concorrência que resultou na vitória da Ambev para custear a festa, por R$ 15 milhões, está sendo investigada pelo Ministério Público Estadual, por suposto favorecimento à empresa cervejeira - tanto a Ambev quanto a Prefeitura negam o favorecimento.

A referencia ao Rio foi feita porque Doria fez a declaração ao lado do prefeito carioca, Marcelo Crivella (PRB), que recentemente anunciou um corte nos valores repassados pela prefeitura local às escolas de samba.

Crivella, que esteve em São Paulo nesta terça-feira para uma reunião da executiva da Frente Nacional de Prefeitos, defendeu os cortes.

"Nos últimos cinco anos, a exceção do ano passado, cada escola recebeu R$ 1 milhão, que é o que vamos garantir no ano que vem. Só ano passado foi para R$ 2 milhões. O que estamos fazendo no Rio é reduzir o aumento. Não me consta que os desfiles nos anos anteriores tenham sido menos glamorosos do que foi no ano passado", afirmou Crivella.

"É uma maneira também de a gente incentivar o carnaval a buscar recursos na iniciativa privada, o que é sempre bem vindo", disse.

Questionado sobre declarações de seu antecessor, Eduardo Paes (PMDB), sobre os motivos que o levaram à decisão de anunciar os cortes, Crivella negou que sua decisão tenha sido pautada por visões religiosas - ele é pastor da Igreja Universal do Reino de Deus.

"Não é religiosa não, é questão de orçamento", disse Crivella, dando uma leve risada. "Quanto assumi a prefeitura, nós encontramos déficit de R$ 3 bilhões no Orçamento", afirmou.

"Ano passado, a gente dobrou a verba do carnaval. Mas você sabe quanto São Paulo paga por cada criança em creche conveniada? R$ 25. Minas é R$ 20. E o Rio paga R$ 10. Aumentou o carnaval e não aumentou as crianças. Então estamos revertendo. Vamos aumentar as crianças e voltar o carnaval ao que era antes. Não tem nada de religião isso, é responsabilidade fiscal e prioridades", concluiu.

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