Brasília - O ex-líder do PP na Câmara dos Deputados, o deputado Nelson Meurer (PR) afirmou que, se o Supremo Tribunal Federal decidir investigá-lo em decorrência da Operação Lava Jato, poderá se associar a outros colegas na mesma situação para tentar conseguir preço mais baixo dos advogados.
Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, políticos com mandato são maioria entre as pessoas que a Procuradoria-Geral da República pediu para o Supremo Tribunal Federal investigar.
O procurador-geral Rodrigo Janot encaminhou solicitações de inquéritos contra 54 pessoas e 45 seriam parlamentares.
O Supremo deve divulgar os nomes dos citados ainda na tarde desta sexta-feira, 6.
"Se o ministro Teori Zavascki autorizar abertura de inquérito, vou ser obrigado a ter advogado. Cada um vai defender a sua situação. O que pode haver, e não aconteceu, porque você nem sabe quem vai ficar nessa abertura de inquérito, é talvez procurar um advogado conjunto só para tentar baixar o custo", afirmou Meurer.
Para ilustrar o raciocínio, o deputado deu um exemplo com valores hipotéticos.
"Por exemplo: se eu sozinho for contratar advogado, ele vai me cobrar R$ 50 mil. Mas, se eu arrumar mais três companheiros... Isso se eu estiver na lista, porque até agora é a imprensa que está falando... Eu posso pegar três companheiros e falar: olha, faz R$ 20 mil para cada um e defende os três".
Meurer deu a declaração após ser questionado se o PP iria oferecer uma defesa centralizada para todos seus filiados que, eventualmente, forem investigados.
Segundo ele, caso os políticos tentem ter um único advogado, isso não terá nada a ver com a legenda.
Preocupação
Um grupo de políticos do PP, preocupados com os desdobramentos da Operação Lava Jato, consultou o advogado Michel Saliba, em Brasília, para saber como lidar com a possibilidade de serem investigados pelo STF.
As consultas foram relatadas por participantes da conversa.
Saliba já defende políticos do partido em alguns processos na Justiça Eleitoral e, em 2014, foi responsável pela defesa do ex-petista André Vargas durante o processo que culminou com a cassação de seu mandato na Câmara dos Deputados.
Ao menos 10 políticos do PP foram citados nos depoimentos de delação premiada do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, que aceitou colaborar com as autoridades em troca de punições mais brandas.
O grupo inclui o senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional da legenda.
Em público, os políticos evitam falar sobre o assunto. Procurado pela reportagem, o atual líder da legenda na Câmara, deputado Eduardo da Fonte (PE), afirmou que Saliba "sempre está pela (sala da) Liderança do partido", mas que não houve "nenhuma consulta pré-marcada para tratar de qualquer assunto".
Fonte e Ciro Nogueira participaram, de acordo com relato do deputado Simão Sessim (PP-RJ), de uma reunião em que foi pedida "valiosa ajuda" a Paulo Roberto Costa em favor de uma empresa locadora de veículos.
Além disso, Costa afirmou às autoridades que foi Eduardo da Fonte quem o apresentou ao ex-presidente nacional do PSDB Sérgio Guerra.
-
1. Os deputados da CPI das Petrobras que mais ganharam das empresas da Lava Jato nas eleições
zoom_out_map
1/17 (Petrobras/Divulgação)
São Paulo - Dos 27 escolhidos para participar da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da
Petrobras, ao menos 13 tiveram parte de suas campanhas eleitorais financiadas por empresas investigadas no âmbito da
Operação Lava Jato, que apura esquema de
corrupção na estatal. Juntas,
Odebrecht,
Galvão Engenharia, Engevix,
Andrade Gutierrez,
UTC,
OAS e Toyo Setal doaram mais de 3,5 milhões de reais aos deputados federais que vão atuar na CPI que foi instalada nesta quinta-feira. Quase metade desse valor foi doado apenas para os deputados Hugo Motta (PMDB-PB) e Luiz Sérgio (PT-RJ), respectivamente presidente e relator da comissão. O aparente paradoxo gerou um debate acalorado no primeiro dia de trabalhos da CPI. O deputado Ivan Valente (PSOL-SP)
apresentou uma questão de ordem pedindo a destituição dos parlamentares que receberam doações das empresas investigadas. O pedido foi
rejeitado pela Câmara. "Não podemos criminalizar quem recebeu o financiamento legal para suas campanhas", disse o líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ). Esta é a terceira vez que o
Congresso instala uma CPI para investigar o esquema de corrupção na Petrobras. O objetivo, desta vez, é apurar as irregularidades ocorridas entre 2005 e 2015. Os trabalhos devem durar 120 dias, com a possibilidade de prorrogação de mais 60 dias. Veja, nas fotos, o ranking dos deputados da CPI das Petrobras que mais ganharam das empresas da Lava Jato nas eleições, segundo levantamento de EXAME.com com base nos dados divulgados pelas campanhas dos parlamentares.
-
2. 1º - Luiz Sérgio (PT-RJ)
zoom_out_map
2/17 (Divulgação)
O relator da CPI da Petrobras recebeu R$ 2.429.512,5 em doações nas eleições passadas. As empreiteiras da Lava Jato foram responsáveis por 40% deste total.
-
3. 2º - Edio Lopes (PMDB-RR)
zoom_out_map
3/17 (Divulgação/ Facebook Edio Lopes)
O deputado Edio Lopes recebeu R$ 2,4 milhões em doações nas eleições de 2014. As empreiteiras da Lava Jato foram responsáveis por 28% desse total.
-
4. 3º - Hugo Motta (PMDB-PB)
zoom_out_map
4/17 (Reprodução/Flickr/PMDB Nacional)
Aos 25 anos, Hugo Motta é o presidente da CPI da Petrobras. Nas eleições de 2014, ele recebeu R$ 742.259,17 em doações.As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 0,07% deste total.
-
5. 4º - Júlio Delgado (PSB-MG)
zoom_out_map
5/17 (Câmara dos Deputados/Arquivo)
O deputado Júlio Delgado ganhou R$ 1,7 milhão em doações de campanha no ano passado. As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 21% deste montante.
-
6. 5. Antônio Imbassahy (PSDB-BA)
zoom_out_map
6/17 (Gustavo Lima/Câmara dos Deputados/Reprodução)
-
7. 6. Cacá Leão (PP-BA)
zoom_out_map
7/17 (Divulgação/ Cacá Leão/Divulgação)
O deputado Cacá Leão recebeu mais de 2 milhões de reais em doações de campanha nas eleições passadas. As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 14% deste montante.
-
8. 7. Paulinho da Força (PDT-SP)
zoom_out_map
8/17 (Antonio Cruz/ABr)
O deputado Paulo Pereira da Silva recebeu mais de 2,8 milhões de reais em doações de campanha nas eleições passadas. As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 8% deste total.
-
9. 8. Onyx Lorenzoni (DEM-RS)
zoom_out_map
9/17 (Divulgação/ Onyx Lorenzoni)
O deputado Onyx Lorenzoni recebeu pouco mais de 2 milhões de reais em doações de campanha nas eleições passadas. As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por quase 10% deste total.
-
10. 9. João Carlos Bacelar (PR-BA)
zoom_out_map
10/17 (Renato Araújo/ Agência Câmara)
O deputado João Carlos Bacelar recebeu pouco mais de 382 mil reais em doações de campanha nas eleições passadas. As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 27% deste total.
-
11. 10. Félix Mendonça Júnior (PDT-BA)
zoom_out_map
11/17 (Divulgação/ Facebook Félix Mendonça Júnior)
O deputado Félix Mendonça Júnior recebeu R$ 1,2 milhão em doações de campanha nas eleições passadas. As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 1,8% deste total.
-
12. 11. Afonso Florence (PT-BA)
zoom_out_map
12/17 (Agência Brasil)
O deputado Afonso Florence recebeu R$ 549,3 mil em doações de campanha nas eleições passadas. As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 2,9% deste total.
-
13. 12 - Paulo Magalhães (PSD-BA)
zoom_out_map
13/17 (Divulgação/ Renato Araujo)
O deputado Paulo Magalhães recebeu R$ 398.2 mil em doações de campanha nas eleições passadas. As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 1,3% deste total.
-
14. 13 - Bruno Covas (PSDB-SP)
zoom_out_map
14/17 (Divulgação)
O deputado Bruno Covas recebeu R$ 3,5 milhões em doações de campanha nas eleições passadas. As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 0,07% deste total.
-
15. 14. Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP)
zoom_out_map
15/17 (Larissa Ponce/Câmara dos Deputados/Reprodução)
O deputado Arnaldo Faria de Sá recebeu R$ 1,9 milhão em doações de campanha nas eleições passadas. As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 0,12% deste total.
-
16. 15. Marcelo Squassoni (PRB - SP)
zoom_out_map
16/17 (Divulgação/Facebook)
-
17. Veja agora quais são as 9 CPIs que podem começar no Congresso ainda este mês
zoom_out_map
17/17 (Ueslei Marcelino/Reuters)