Brasil

"A democracia vai nos tirar dessa chuva ácida", diz Ayres Britto

Ayres, que foi ministro do Supremo Tribunal entre 2003 e 2012, diz que acredita num novo país, um Brasil unido

Ayres Britto: apesar de esperançoso, o jurista pondera que o momento é de ter cautela e afirma que vê ameaça às instituições (Valter Campanato/Agência Brasil)

Ayres Britto: apesar de esperançoso, o jurista pondera que o momento é de ter cautela e afirma que vê ameaça às instituições (Valter Campanato/Agência Brasil)

AB

Agência Brasil

Publicado em 15 de outubro de 2018 às 10h34.

Em entrevista ao programa Conversa com Roseann Kennedy, o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto abordará as eleições no Brasil, ao destacar a importância do voto e do papel dos brasileiros no processo. "O eleitor tem o dever de livrar essa respeitável senhora de nome política das más companhias, senão vai votar errado e será, ao mesmo tempo, vítima e cúmplice de sua própria desgraça", ressalta. O programa vai ao ar nesta segunda-feira (15) às 21h15, na TV Brasil.

Ayres Britto, que foi ministro do Supremo Tribunal entre 2003 e 2012, diz que acredita num novo país, um Brasil unido. "A democracia vai nos tirar dessa chuva ácida, vai nos salvar. Sou um otimista e não estou delirando."

Apesar de esperançoso, o jurista pondera que o momento é de ter cautela e afirma que vê ameaça às instituições. "Vejo [ameaça às instituições]. O brasileiro tem esse viés, esse desvio de colocar as instituições debaixo do braço e roubar a cena delas", diz. "Acho que a democracia é o melhor arquiteto, é o melhor engenheiro, o melhor mestre de obras, no sentido de arquitetar as instituições, porque as instituições são o reino da impessoalidade", completa.

Sobre a possibilidade de se elaborar uma nova constituição - fato já descartado pelos dois candidatos neste segundo turno, Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) - Ayres Britto declara: "Tremo nas bases [quando falam em nova Constituição]. Nenhuma Constituição que se dê ao respeito dispõe dos seus próprios funerais", disse. "Povo civilizado é o que gravita em torno de instituições", acrescenta.

O ex-ministro destacou a autonomia do Judiciário e a responsabilidade das ações do Supremo. "Instrumentalmente, o maior de todos os direitos é bater as portas do judiciário, porque esse judiciário é a luz da Constituição. É autônomo, politicamente independente, transparente", disse. "O Supremo não pode falhar. Não é poder de errar por último. É o dever, o poder e a responsabilidade de acertar por último", completou.

Jurista, conferencista, poeta, autor de vários livros, Ayres Britto teve sua passagem no STF marcada pela literatura e filosofia. A proximidade com as artes, sempre lhe renderam votos firmes e poéticos.

Acompanhe tudo sobre:Eleições 2018Supremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas